Do Luis Nassif
Por raquel_
Como aquele ex-diretor do FBI disse: "Na falta de terroristas, fabrica-se..."
EUA frustram suposto plano do Irã de matar embaixador saudita
Autoridades americanas afirmaram nesta terça-feira que frustraram
planos de "um grande atentado terrorista nos Estados Unidos", no qual
agentes ligados ao Irã assassinariam o embaixador da Arábia Saudita em
Washington, Adel al-Jubeir.
O promotor-geral Eric Holder afirmou, em entrevista coletiva
concedida no Departamento de Justiça, que dois homens foram acusados em
Nova York de conspiração contra oficial estrangeiro, e um admitiu ter
participação no caso. Segundo Holder, o plano foi "concebido" no Irã
pelas forças Quds, parte da Guarda Revolucionária Iraniana.
Ele detalhou que o planejamento foi "concebido, patrocinado e dirigido pelo Irã".
De acordo com a Reuters, o plano não só envolvia o assassinato de
Adel al-Jubeir, como também a explosão das embaixadas saudita e
israelense nos EUA.
Os dois acusados são Manssor Arbabsiar, 56 anos,
naturalizado americano; e Gholam Shakuri, membro da Guarda
Revolucionária Iraniana. Holder disse que Arbabsiar foi preso em 29 de
setembro no aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova York, mas
Shakuri permanece no Irã.
Segundo a promotoria, Arbabsiar contatou sem saber um informante
americano do Departamento de Narcóticos que fingia ser um membro de
cartel de drogas mexicano para perguntar-lhe sobre seus conhecimentos
sobre explosivos. Depois de diversos encontros no México, gravados
secretamente por autoridades americanas, Arbabsiar ofereceu US$ 1,5
milhão pelo assassinato, que provavelmente seria concretizado em um
restaurante. Ele realizou um pagamento no valor de US$ 100 mil feitos a
partir de uma conta estrangeira.
O porta-voz da Casa Branca Tommy Vietor disse que as primeiras
informações sobre o plano foram passadas ao presidente Barack Obama em
junho deste ano. "O rompimento desse plano foi uma conquista
significativa da inteligência e das agências de segurança, e o
presidente está imensamente agradecido por seu trabalho excepcional",
disse.
Obama telefonou ao embaixador saudita para manifestar sua
solidariedade diante da suposta conspiração para assassiná-lo, informou a
Casa Branca.
"O presidente Obama destacou que os EUA acreditam que essa
conspiração é uma flagrante violação da lei americana e internacional",
disse um alto funcionário da Casa Branca. Obama também salientou "a
estreita colaboração entre EUA e Arábia Saudita".
Sanções
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que os EUA
consultarão seus aliados sobre mecanismos para "isolar mais" o Irã
depois de descoberto o complô. "Algumas áreas nas quais podemos cooperar
mais de perto para enviar uma forte mensagem ao Irã e isolá-lo da
comunidade internacional também serão consideradas", disse, sem dar
detalhes.
Reportagens da imprensa indicaram que Washington poderá buscar novas
sanções no Conselho de Segurança das Nações Unidas, assim como sanções
unilaterais por parte de seus aliados, da Austrália à Europa.
"Consultaremos nossos amigos e aliados ao redor do mundo sobre como
podemos enviar uma forte mensagem (afirmando que) esse tipo de ações,
que violam as normas internacionais, devem acabar", disse Hillary a
jornalistas.
O Departamento do Tesouro informou que está impondo sanções contra
quatro suspeitos - Qasem Soleimani, um comandante das forças Quds que
supostamente dirigiu o plano, e Hamed Abdollahi, oficial das forças
Qurds que ajudou na coordenação, além de Arbabsiar e Shakuri - de
estarem relacionados ao plano de matar o embaixador. David Cohen,
secretário do Tesouro, disse que as transações financeiras realizadas no
plano "explicitam o risco que os bancos e outras instituições
enfrentam para fazer negócios com o Irã".
Irã
Um conselheiro do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, rechaçou a
acusação dos EUA. "É um cenário planejado para desviar a atenção da
opinião pública americana dos problemas internos dos EUA", afirmou Ali
Akbar Javanfekr.
"O governo americano e a CIA têm uma ampla experiência em desviar a
atenção da opinião pública dos problemas internos dos EUA. Agora, temos
que esperar para saber os detalhes desse cenário planejado, para
descobrir os objetivos do governo americano", insistiu Javanfekr.
Robert Mueller, diretor do FBI, afirmou na entrevista coletiva que
muitas vidas poderiam ser perdidas na tentativa de assassinar o
embaixador por meio de implantação de bombas nos EUA. No entanto, Preet
Bharara, promotor americano em Manhattan, acrescentou que nenhum
explosivo chegou a ser posicionado nos EUA e que ninguém corre perigo.
"Nós não deixaremos que outros países usem nosso território como seu
campo de batalha."
O Irã xiita e a Arábia Saudita sunita são os dois países mais
poderosos do Oriente Médio e vem há muito tempo brigando pela influência
na região. A Arábia Saudita e outros países, como Bahrein, acusou o
Irã de apoiar dissidentes em seus territórios para desestabilizar o
governo durante a Primavera Árabe.
A embaixada saudita afirmou em comunicado que "apreciava" os esforços
dos EUA para prevenir o crime. "A trama é uma tentativa desprezível de
violação das normas internacionais e não está de acordo com os
princípios da humanidade", afirmou.
Arbabsiar, que deve comparecer à corte nesta terça, pode ser
setenciado à prisão perpétua se for condenado por todas as acusações,
afirmou o Departamento de Justiça.
A queixa apresentada no tribunal federal afirma que Arbabsiar
confessou que seu primo Abdul Reza Shahlai era um alto membro das forças
Quds e que foi ele quem sugeriu a contratação de alguém dos cartéis de
drogas para atingir Al-Jubeir. Shahlai foi identificado pelo
Departamento do Tesouro em 2008, durante o governo de George W. Bush,
como um dos autores do ataque em Karbala, no Iraque, em 2007, que deixou
cinco soldados americanos mortos e três feridos.
Com AP, AFP e EFE
Irã protesta na ONU contra acusação dos Estados Unidos
A acusação sobre um plano para matar o embaixador da Arábia Saudita
em Washington é uma "conspiração maligna" de parte dos Estados Unidos,
afirma o Irã em um protesto realizado na noite de terça-feira na
Organização das Nações Unidas.
Em carta enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao
Conselho de Segurança, o embaixador de Teerã Mohammad Khazaee "condena
categoricamente e nos termos mais enérgicos esta vergonhosa acusação dos
Estados Unidos, e deplora uma bem pensada conspiração maligna alinhada
à política americana anti-iraniana". "O Irã sempre condenou o
terrorismo, sob todas as formas e manifestações", e é uma vítima. "Um
claro exemplo disto é o recente assassinato de vários cientistas
nucleares (iranianos) por parte do regime sionista, apoiado pelos
Estados Unidos".
Washington acusou hoje o Irã de tentar assassinar o embaixador
saudita em Washington através de um complô no qual um agente secreto
americano no México que se passava por narcotraficante foi contatado.
Segundo a imprensa americana, o atentado faria parte de um ataque mais
amplo contra as embaixadas saudita e israelense em Washington.
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