Artigo de Jânio de Freitas em 14 de julho
Colunista da Folha também diz que mídia protege corruptores
Leiam artigo de Jânio de Freitas publicado na Folha em 14 de julho
Parece lógico que, se um ministro cai, por indícios de corrupção, há um corruptor; mas a lógica é outra
Janio de Freitas, Folha de S. Paulo
Colunista da Folha também diz que mídia protege corruptores
Leiam artigo de Jânio de Freitas publicado na Folha em 14 de julho
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Um lado sóParece lógico que, se um ministro cai, por indícios de corrupção, há um corruptor; mas a lógica é outra
Janio de Freitas, Folha de S. Paulo
Ainda uma vez, indícios de corrupção em obras públicas levam a um
acesso de agitação noticiosa e política. Derrubam um ministro bem
enraizado. Dão alguma aparência de vida à oposição. Forçam depoimentos e
investigações de servidores. E sobre os que corromperam, nada.
A corrupção nas obras públicas brasileiras tem geração
espontânea. É assim aos olhos dos congressistas inquiridores, das
polícias, do Ministério Público, do Judiciário e do noticiário.
De certa vez, respondi em inquérito da Polícia Federal, com a presença inquiridora também de um procurador da República, a longa e insistente série de perguntas.
De certa vez, respondi em inquérito da Polícia Federal, com a presença inquiridora também de um procurador da República, a longa e insistente série de perguntas.
A razão foi a fraude em uma grande concorrência de obra pública,
anulada porque o resultado foi aqui publicado, sob disfarce, com
antecipação. Eram 18 grandes empreiteiras que dividiam a concorrência e
os bilhões por intermédio da fraude. Pois não me foi feita nem uma só
pergunta sobre qualquer das empreiteiras ou dos seus dirigentes.
Aquela foi a primeira concorrência de obra pública anulada por
revelação de fraude. Foi tudo arquivado pela Procuradoria-Geral da
República. Mas, bem-sucedida, a receita praticada então pelas
instituições e pessoas responsáveis por moralidade administrativa e
aplicação das leis ficou para as sucessivas fraudes e atos corruptores
do serviço público.
Parece lógico que, se um ministro e assessores graduados caem, por
indícios de corrupção, há o lado corruptor. Parece. Mas a lógica a reger
tais situações é outra.
Provém, por extensão quando as circunstâncias o exigem, daquela, mais
que secular, de aplicação dos ônus a um só lado: nos incidentes comuns, a
punição aos humildes; nos casos graúdos, o ônus para os menos
influentes ou menos afortunados.
E os empreiteiros, se você ainda não notou, com que o ganham no uso
dos seus métodos estão ficando donos do Brasil: telefonia, rodovias,
ferrovias, petróleo, TV, hidrelétricas, mineração, siderurgia, não tem
fim.
O Brasil também está ficando de um lado só.
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