sábado, 3 de setembro de 2011

Tucanos perderam o rumo - Artigo

Da Rede Brasil Atual

Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual 

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de baixar de 12,5% para 12% ao ano da taxa Selic provocou reações iradas nos economistas ligados ao mercado financeiro. E, claro, influenciou seu braço político, os parlamentares demo-tucanos.

Foi uma decisão importante do colegiado de diretores do Banco Central, mostrando uma afinação com a equipe econômica da presidenta Dilma Rousseff, que havia anunciado um superávit extra de mais R$ 10 bilhões para este ano de 2011. Agora, com a redução da taxa básica de juros da economia, o governo reafirma que vai continuar combatendo a inflação mas que também vai preservar o crescimento da economia, a criação de empregos e o poder aquisitivo da população, que aumentou nos últimos oito anos, proporcionando um novo e vigoroso mercado interno.

Aliás, foi esse mercado interno que salvou o país na crise de 2008-2009. Foi a esse mercado interno que o presidente Lula dirigiu-se em dezembro de 2008, quando foi à televisão pedir que os brasileiros continuassem comprando, em defesa do emprego e da renda.

A chamada nova classe média, surgida das políticas acertadas do governo de Lula, vai continuar sendo prestigiada por Dilma e é isso que está por trás da das decisões de aumentar o superávit e de baixar os juros. Dilma quer combater a inflação sem minar o crescimento econômico do Brasil.

Insatisfação

Por que a decisão de baixar juros, em um país que tem uma das maiores taxas do planeta, causa tanto rebuliço e tanta revolta entre os economistas tucanos e seu braço político? Aparentemente, o Banco Central, em nova fase, simplesmente ignorou esses analistas e "donos" das previsões sobre o que acontecia na economia.

Essas previsões não são simples palpites, como os que todos fazemos a respeito de futebol ou outros esportes. As análises e previsões sobre juros, por exemplo, são vendidas a peso de ouro no mercado financeiro. E não é apenas isso. É com base nessas previsões que os agentes decidem seus investimentos – ou apostas – bilionárias. Acertar a projeção significa ganhar mais.

Como o Banco Central era muito influenciado por essas previsões, havia uma situação interessante. Os economistas avaliavam, faziam suas apostam, ganhavam bilhões todos os anos e continuavam torcendo (e pressionando) para que os juros continuassem altos.

Seu braço político, os parlamentares demo-tucanos criticam os juros "mais altos do planeta", esquecendo-se de que, no governo FHC, a taxa Selic chegou a 45% ao ano (certamente uma homenagem ao número dos tucanos). 

Quando o Banco Central "desobedece" a essa regra não escrita, e baixa os juros, quando a equipe economica trabalha sem divergências, de forma afinada para controlar a inflação e garantir o crescimento econômico do país, isso pode ter ferido interesses bilionários. Bancos e investidores ganham menos e seu braço politico perde – o rumo.

A Tuja - Torcida Uniformizada dos Juros Altos – está no clima de quem perdou campeonato mundial. E os políticos demo-tucanos, aflitos com a possibilidade de Dilma conseguir o que Lula não conseguiu, por causa da crise de 2008: juros nominais de um dígito. Isso é contra os interesses da oposição, porque pode significar um governo mais forte e popular.

* Helena Sthephanowitz™ é jornalista e autora do blog Os Amigos do Presidente Lulae do Os Amigos do Brasil. Ela escreve no Na Rede, da Rede Brasil Atual.


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