Como já temos até twitter chamando os rodeios para Salto, tentaremos aqui criar um espaço de contraponto para esse desastre. O artigo abaixo vem de uma indicação de minha amiga Jussara e é a posição de Rita Lee sobre os rodeios. Vamos ver:
Aos senhores promotores de rodeios e vaquejadas
Como brasileira e caipira de coração gostaria muito
de observar certas “modernidades” que já há um certo tempo ocorrem e
fazem entristecer profundamente minha alma. Estou me referindo mais
precisamente sobre o quanto estes eventos como rodeios e vaquejadas se
transformaram em indústrias de importação, colaborando somente para que
nossas verdadeiras festas caipiras perdessem seus originais valores
dentro do já tão enfraquecido folclore brasileiro.
Hoje o que se vê é uma macaquice de cowboys
americanos praticamente instalada como se pertencesse ao espírito
pacífico do nosso genuíno caipira. No meu tempo o peão era um rapaz
forte e honesto que trabalhava no adestramento correto de um animal,
hoje é apenas uma pessoa manipulada por uma cultura estrangeira
responsável por despertar-lhe o sórdido prazer de abusar impunemente de
animais. Ora, isto não é nem nunca será considerado um esporte nobre,
nem nos Estados Unidos acontece isto. O que mais me preocupa é a total
falta de consciência humanitária dentro dos rodeios e vaquejadas sobre a
dor que é causada aos animais com o uso do “sedém” e outros artifícios
ainda mais cruéis para que os bichos “pulem bonito” e o peão seja
considerado um herói nacional.
Há séculos nossas festas caipiras nunca precisaram
importar lixos culturais para existirem, por que então esses eventos
partiram para tamanha falta de respeito e exemplo de má educação para
com nossas crianças e todo o povo brasileiro? Na minha percepção vejo
que se trata de uma ganância pelos milhões de dólares que movimentam
esta indústria estrangeira, aliás completamente fora dos conceitos
básicos éticos que imaginamos como sendo os ideais para o próximo
milênio. O Brasil é um país festeiro, sabemos promover as melhores
alegrias do planeta e realmente não temos necessidade de incentivar esta
“americanização” de caipiras que agora, infelizmente, se auto-intitulam
“country”. Nem o futebol nem o roquenrou chegaram ao Brasil e
destruíram nossa personalidade, ao contrário, se adaptaram totalmente ao
traquejo brasileiro e mostraram ao mundo inteiro que aqui no Brasil
quem dá as cartas somos nós.
Rodeios e vaquejadas abrem as pernas e se deixam
influenciar descaradamente pela ditadura da cultura americana, parece
que fomos lobotomizados mesmo desta vez! Peço pois a todos os
organizadores de rodeios e vaquejadas que reflitam profundamente e se
perguntem se vale a pena jogar na lama toda uma cultura genuinamente
caipira e entregar nosso ouro ao bandido.
Muito mais corajoso e patriótico seria tomar a
atitude de suprir dos rodeios e vaquejadas a parte onde os animais são
torturados publicamente, demonstrando assim que o Brasil se recusa a
adotar práticas da Idade Média. Vamos dar para o mundo este exemplo de
consciência planetária e ao invés de judiar dos bichos seguir o que dita
nosso coração caipira: Deus criou os animais não para servir ao homem
mas para caminhar junto dele! Que a luz divina ilumine suas decisões.
Um grande abraço,
Rita Lee
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