sábado, 24 de setembro de 2011

A educação e a mídia

Nesta semana não estive presente neste espaço pois muitos eventos aconteceram que impediram de ter alguns momentos livres para poder alimentar meu blog. 

O mais interessante é que pouco ou quase nada dos momentos vividos pela educação em Salto e na região foram notícias. Como representante da UNDIME/SP - União dos Dirigentes Municipais de Educação de SP - estive participando na quarta-feira de debates importantes com vários outros secretários municipais. A tônica dos mesmos tinha como foco principal a relação da Secretaria Estadual de Educação de SP com as secretarias e governos municipais. Parece que o novo governo estadual quer eliminar dois grandes problemas do seu antecessor: o distanciamento das políticas do estado das do governo federal e a falta total de diálogo com as secretarias municipais de educação. Nesse intento, vários assuntos estão pautados entre a UNDIME/SP (representante dos secretários municipais) e a SEE/SP - Secretaria Estadual de Educação. 

Um deles diz respeito ao atendimento das crianças com deficiência, que na rede estadual é bastante pontual, chegando inclusive a gerar problemas críticos como os enfrentados recentemente em nossa cidade com uma das escolas estaduais negando-se a atender uma criança cadeirante. Nesse tópico o maior dos problemas apontados pelos municípios é a descontinuidade existente nos atendimentos: enquanto nas redes municipais as crianças tem um atendimento mais qualificado, quando as mesmas são transferidas para as escolas do estado, esse atendimento ou não existe ou é precário. A SEE defende-se argumentando que atende a mais de 50.000 crianças com deficiência em sua rede e que conta com um programa bastante avançado nesse atendimento. O contraponto dos secretários municipais é o desconhecimento desses atendimentos, o que levou a proposta de a SEE indicar onde eles acontecem para que tenhamos os exemplos e cada município possa cobrar o dirigente regional da SEE dos mesmos atendimentos em todo o estado.

Outro debate complexo é o tratamento dado pelo Tribunal de Contas do Estado de SP às adesões dos municípios às Atas de Registro de Preços formalizadas pelo FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - órgão do Ministério da Educação. As referidas atas existem para que os municípios e os estados possam adquirir equipamentos escolares com um custo menor, visto que são licitadas em grandes quantidades. Todos os estados de nosso país aceitam e fazem a adesão a estas atas, menos SP que considera "carona" ilegal esse expediente. Isso força os municípios paulistas a duas situações: não adquirir equipamentos importantes para seu dia a dia ou então adquirir a um preço maior que os conseguidos pelo FNDE. A UNDIME/SP conseguiu a partir de tratativas com o FNDE que o mesmo abrisse um espaço de diálogo com o Tribunal de Contas de SP para criar uma alternativa à esse impasse, já que são muitos os municípios que querem aderir às compras licitadas pelo MEC. Estamos aguardando até o final deste mês o desenrolar das negociações. 

Os demais temas em discussão com a SEE/SP e que devem apontar caminhos são: transporte de alunos da rede estadual, merenda escolar dos alunos da rede estadual e Educação de Jovens e Adultos. 

Notícias não faltam.

Na quinta e na sexta-feira estive junto com mais quarenta educadores da cidade no Fórum Internacional de Educação da Macro Região de Sorocaba cujo tema foi QUALIDADE SOCIAL DA EDUCAÇÃO. Um espaço impar de discussão e aprofundamento das questões ligadas à qualidade social de nossa educação, discutidas com nomes nacionais e internacionais que levam a efeito estudos e práticas de ponta nesse cenário. Mais de 1000 educadoras e educadores estiveram presentes nesse evento que foi coordenado pela UNDIME/SP região Sorocaba, cuja coordenação é feita por este blogueiro. Para realizar esse evento tivemos oito meses de preparação e planejamento. A cidade de Itu, anfitriã do evento, abriu suas portas para mais de 30 cidades da região poderem participar dos debates. Junto com Itu criamos uma coordenação do evento com as cidades de Sorocaba, Porto Feliz, Capela do Alto, Guareí, Mairinque e Salto que definiu todos os pontos e encaminhamentos do evento. Para a realização tivemos o privilégio de termos uma parceria com o IBSA - Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada - presidida por Cezar Callegari, educador conhecido nacionalmente e membro do Conselho Nacional de Educação. Entidades como a UNESCO, a OEI - Organização dos Estados Ibero Americanos, o MEC e o CNE - Conselho Nacional de Educação -, foram os apoiadores desse evento que dentre outras coisas apontou a necessidade de transformar o Fórum em um espaço permanente de debates sobre a educação regional. Com mais tempo, ainda farei um resumo dos debates ocorridos no Fórum para que esta postagem não fique muito longa. Procurarei separar as postagens por assuntos discutidos.

Notícias não faltam.

Além de tudo isso, quando abrimos nosso portal da educação a partir da página da Prefeitura Municipal de Salto, observamos uma infinidade de atividades e projetos sendo executados. 

E a tristeza maior é observar que a grande notícia da educação nesta semana foi o terrível acontecimento em uma escola municipal da cidade de São Caetano, quando uma criança de 10 anos atirou em sua professora e em seguida se matou. Triste, lamentável, aterrador. Agora procuram-se as causas dessa tragédia. Tenho uma hipótese dentre milhares de outras que certamente existem: talvez a qualidade de nossas notícias - tanto dos jornais, mas principalmente das TVs - precisem ser revistas. É impressionante como são escondidas uma infinidade de coisas boas e destacadas as tragédias, os assassinatos, os crimes mais diversos. Não defendo aqui esconder os fatos da realidade, até porque precisamos saber dela. Mas será que se tivéssemos coberturas mais aprofundadas de determinados debates levados a efeito em nosso Fórum, por ex., da mesma forma que os programas policialescos fazem com os crimes ou ainda da mesma forma que se mobilizou (também como exemplo) nossa imprensa local para combater o projeto de ampliação do número de vereadores, as coisas não seriam um pouco diferentes? Será que o garoto que atirou em sua professora e se matou não teria outras perspectivas de vida? Não teria outros horizontes diferentes do de levar uma arma até a escola? Será? Fica como mera reflexão. 


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