Matrículas de jovens e adultos caem pela metade em SP
Para especialistas, País tem sido ineficiente em mobilizar alunos
que não completaram ensino fundamental e médio na idade adequada.
07 de setembro de 2011
Mariana Mandelli - O Estado de S. Paulo
As matrículas em Educação de Jovens e Adultos (EJA) caíram pela
metade nos últimos sete anos no Estado de São Paulo. Em 2004, existiam
1.177.812 alunos matriculados na modalidade em escolas paulistas. Em
2010, dado mais recente, o número despencou para 606.029 – queda de
48,5%.
Os dados, que constam no Censo Escolar do Ministério da Educação
(MEC), estão no Plano Plurianual 2012-2015 do governo do Estado e
retratam todas as redes de ensino – estadual, municipal e particular.
Em São Paulo, 98,8% dos alunos de EJA são atendidos nas redes públicas –
destes, 61,9% estudam em escolas estaduais e 36,9% em unidades
municipais.
A EJA é uma modalidade de ensino destinada a quem não completou o
ensino fundamental e médio na idade adequada por algum motivo. Ela pode
ser oferecida em cursos presenciais, a distância ou mesmo com exames
supletivos. Desde 2007, a EJA recebe financiamento do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb).
Atualmente, o índice de analfabetismo funcional na Região Sudeste é
de 16%, segundo o Instituto Paulo Montenegro. Não há dados por Estado.
Especialistas em EJA apontam vários motivos para o declínio – não
apenas em São Paulo, mas também em outros Estados. “A queda é observada
em todo o Brasil e o principal motivo é a ineficiência de mobilização
do público”, diz Maristela Barbara, diretora de formação e
acompanhamento pedagógico da organização não governamental
Alfabetização Solidária (AlfaSol).
Para ela, falta atenção do poder público. “Só 24% das escolas do
Brasil oferecem EJA. Os colégios têm de estar onde estão esses alunos”,
diz. “Há mais de 30 milhões de analfabetos funcionais, mas apenas 3,7%
estão matriculados na modalidade.”
Para os especialistas, outra dificuldade é o fato de a EJA
reproduzir o ensino regular. “O modelo está em crise e não combina com o
estilo de vida dos alunos”, afirma Orlando Joia, diretor de curso do
Colégio Santa Cruz. “Além disso, o saldo demográfico está negativo: tem
mais gente saindo de São Paulo do que chegando e, normalmente, eram
essas as pessoas atendidas.”
Vera Masagão, da Ação Educativa, afirma que ainda faltam políticas
específicas dos Estados e municípios para a modalidade. “Devemos pensar
em modelos mais flexíveis, que devem ser incentivados pelos governos”,
afirma. “Muitos alunos trabalham e é difícil conciliar tudo.”
Motivos. Para a Secretaria de Educação de São Paulo, a queda de
matrículas é reflexo da correção do fluxo escolar – ou seja, os alunos
estão estudando nas séries em idade correta. De acordo com a pasta, São
Paulo tem, entre a população de 15 a 17 anos, a maior taxa de
escolarização no ensino médio do País.
No caso do ensino fundamental oferecido por EJA, a secretaria afirma
que a queda de matrículas se deve ao esgotamento do fluxo, que era
“ascendente por conta da demanda reprimida no passado e por causa das
exigências do mercado de trabalho”. O governo ainda lembra que uma
deliberação do Conselho Estadual de Educação (CEE) elevou, em 2009, a
idade mínima para ingresso na EJA – o que obrigou uma parcela dos
alunos a se matricular no ensino regular.
Particular. A rede privada de ensino paulista é responsável por
apenas 1,2% das matrículas de EJA – em 2001, essa taxa era de 11,2%.
Algumas escolas fecharam cursos nos últimos anos por diversos motivos. No Colégio Nossa Senhora das Graças, o curso, que era oferecido com
apoio da Ação Social da Associação Pela Família, acabou por causa da
adequação à lei 12.101, que estabeleceu novas normas para entidades
filantrópicas. No Colégio Rainha da Paz, a baixa demanda deve levar ao
fechamento das turmas em 2012.
Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,matriculas-de-jovens-e-adultos-caem-pela-metade-em-sp,769546,0.htm
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