Do Blog da Cidadania
O texto a seguir será mantido em evidência neste blog até sábado, dia 17 de setembro, quando será lido pelo Movimento dos Sem Mídia durante o Ato Público Contra a Corrupção da Mídia. Se você apóia, deixe seu comentário. O manifesto será enviado à Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação com Participação Popular, com os nomes de quem apoiá-lo.
Senhoras e senhores,
Estamos aqui hoje para nos manifestar contra a corrupção, mas não
como aqueles que estiveram neste mesmo local no último dia 7 de
setembro dizendo que se manifestavam pelo mesmo motivo. O que aquelas
pessoas fizeram, na verdade, foi um ato orquestrado por grandes impérios
de comunicação e que teve como objetivo favorecer partidos políticos.
Antes de prosseguir, é bom explicar que este Ato Público não
pertence a nenhum partido político, a nenhum sindicato, a nenhum grupo
de interesse. Foi convocado pelo Movimento dos Sem Mídia, que luta pela
democratização da comunicação no Brasil, ou seja, para que essa
comunicação não continue na mão de meia dúzia de famílias.
Quem são esses impérios de comunicação? São a Globo, os jornais
Folha de São Paulo e Estado de São Paulo e a revista Veja e alguns
outros que repetem o que eles dizem. Esses veículos estimularam a
manifestação que ocorreu aqui no Masp no último dia 7 usando artigo
escrito por um jornalista espanhol ligado a esses empresários de
comunicação.
O jornalista espanhol Juan Arias disse que os brasileiros seriam
acomodados com a corrupção porque não saem às ruas para protestar como
no país dele. Escreveu aquilo apesar de que seu povo está indo às ruas
porque a Espanha está em uma terrível crise econômica, com desemprego
nas alturas. Os brasileiros não fazem o mesmo porque este país está indo
muito bem, obrigado.
Os tais impérios de comunicação, dessa forma, passaram a
reproduzir sem parar aquele texto sem sentido em seus jornais, revistas,
rádios, televisões e portais de internet. Poucas semanas depois,
aparecem essas manifestações “contra a corrupção” como a que aconteceu
aqui no Masp no último dia 7 de setembro.
Naquela manifestação, o que se viu não foram críticas a toda
corrupção, mas a políticos e ao partido aos quais as famílias Marinho
(dona da Globo), Frias (dona da Folha de São Paulo), Mesquita (dona do
Estadão) e Civita (dona da revista Veja) se opõem há muito tempo, ou
seja, ao Partido dos Trabalhadores, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e à presidente Dilma Rousseff.
Não foi por outra razão que aquela manifestação que ocorreu há
cerca de duas semanas aqui neste mesmo local tinha faixas e cartazes
acusando de corrupção o ex-presidente Lula, o PT e a presidente Dilma e
foi acompanhada por políticos do Partido da Social Democracia
Brasileira, o PSDB. Foi um ato político disfarçado de “marcha contra a
corrupção”.
Não há brasileiro que não saiba que a Globo e os outros veículos
já mencionados – e alguns menores que agem sob sua influência – fazem
oposição ao PT e a todos os políticos deste partido ou a ele aliados.
Desde 1989, quando Lula disputou sua primeira eleição presidencial, que
esses impérios de comunicação fazem isso.
E por que fazem? Porque são contra a distribuição de renda,
contra a melhora de vida do povo mais pobre e a favor da corrupção, pois
todos sabem que quando denunciam políticos eles são sempre do PT e de
partidos aliados e nunca do PSDB e dos aliados dele. E o que é pior: só
denunciam quem se vende, quem se corrompe, mas nunca quem suborna porque
são empresas que anunciam nesses jornais, revistas, tevês etc.
Durante semanas, esses veículos martelaram esses atos públicos
artificiais que sairiam às ruas no 7 de setembro. Com publicidade dessa
dimensão sendo veiculada sem parar nas televisões, rádios, jornais,
revistas e portais de internet, claro que inocentes úteis que acharam
que estavam se manifestando “contra a corrupção” foram atraídos e
engrossaram as manifestações.
Se quisessem se manifestar contra a corrupção, os que estiveram
aqui no Masp naquele dia também acusariam o governo de São Paulo, que
impede que uma única CPI contra si seja aprovada na Assembléia
Legislativa, onde há mais de cem pedidos de investigação que não vão
para frente porque a imprensa, diferentemente do que faz contra o PT,
não divulga.
E não divulga porque o governo de São Paulo acaba de gastar NOVE
MILHÕES DE REAIS comprando assinaturas da Folha, do Estadão e da Veja,
por exemplo. Dinheiro dos seus impostos, cidadão, que vai para o bolso
desses impérios de comunicação.
Um bom exemplo de escândalos do PSDB que a mídia esconde está nas
obras do Rodoanel, contra as quais pesam denúncias de superfaturamento.
Ou, por exemplo, as obras de limpeza do rio Tietê, que neste ano
transbordou porque o ex-governador José Serra diminuiu aquelas obras e
aumentou gastos em publicidade que infestou a tevê durante o ano
passado, quando o ex-governador disputou a Presidência da República.
A corrupção da mídia, portanto, está em ela jamais expor empresas
que subornam políticos corruptos simplesmente porque são suas
anunciantes. Assim, atacando só quem se vende e nunca quem compra
políticos, a corrupção no Brasil não diminuirá nunca.
Há, sim, escândalos e corrupção nos governos do PT, do PSDB, de
todos os partidos. Por isso há que investigar a todos e não só aos
inimigos políticos das famílias Marinho, Frias, Civita, Mesquita e
outros empresários da comunicação que acobertam políticos amigos e
denunciam os políticos inimigos até mesmo quando não há prova alguma.
Nada a espantar vindo de impérios de comunicação que ajudaram a
implantar e a sustentar a ditadura militar que manteve este país nas
trevas de 1964 a 1985 e que torturou e assassinou pessoas apenas porque
tinham opinião política diferente.
Ser contra a corrupção é ser contra quem corrompe e quem é
corrompido. É não dar propina ao guarda de trânsito, é não subornar
funcionário público para ele “agilizar” aquele processo em um órgão
público. Não será atacando só os políticos inimigos e protegendo os
amigos que este país reduzirá a corrupção, portanto.
O Movimento dos Sem Mídia, assim, é contra TODA a corrupção e não
apenas contra a corrupção de alguns. Por isso, quando você, cidadão,
ler ou ouvir esses jornalistas que se vendem aos patrões dizendo só
aquilo que eles querem, acusando só petistas e aliados e dizendo que não
votando neles a corrupção acabará, não acredite. É tramóia.
Corrupção existe no mundo inteiro. Em governos de todos os
partidos. Há que dificultá-la, mas nunca se conseguirá acabar com toda
ela. Não adianta demonizar a classe política porque sem políticos não há
democracia. Voltaremos à ditadura militar, a um tempo em que os
políticos eram amordaçados por generais que roubavam sem ter quem
contestasse.
Assim sendo, se você quer uma imprensa que combata toda a
corrupção, é preciso que essa imprensa não fique na mão de meia dúzia.
Nos Estados Unidos, por exemplo, um mesmo empresário não pode ter jornal
e televisão na mesma cidade. No Brasil, a Globo tem tudo – jornal,
revista, TV, rádio, portal de internet – em todas as cidades.
Isso se chama concentração de propriedade de meios de
comunicação. O que se quer, assim, é aprovar leis que existem em todos
os países desenvolvidos e que não permitem que uma Globo use concessão
pública como é um canal de tevê para fazer jogo político em favor dos
partidos e políticos amigos.
Esses impérios de comunicação acusam quem pede leis para a
comunicação de querer “censura”. É mentira. Ninguém quer que esses
impérios não falem o que pensam. Só o que se quer é que quem pensa
diferente da Globo possa ir em suas tevês contradizer a família que as
controla, pois a faixa de onda eletromagnética que usam é uma concessão
do povo.
Isso não é e nem jamais será censura.
MOVIMENTO DOS SEM MÍDIA – São Paulo, 17 de setembro de 2011
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