domingo, 25 de setembro de 2011

A posse do "imortal" da Globo

Do Luis Nassif

Autor: 

A posse do jornalista Merval Pereira, homem ligado ao poder nas Organizações Globo, como novo "imortal" da Academia Brasileira de Letras acabou se transformando num evento político-partidário, com forte presença de figuras do PSDB.

O tom de engajamento ficou claro no discurso de Eduardo Portella.

O ex-ministro da ditadura militar sugeriu que a eleição do jornalista Merval Pereira para a Academia Brasileira de Letras fora um prêmio à imprensa partidária. Ele também afirmou que o Bolsa Família é recebido por pessoas que não trabalham, embora tenha tentado se corrigir ao final.

Eduardo Portella começou elogiando o jornalista tucano pelo que ele representa para uma imprensa "que, diante, da ineficiência das oposições, cumpre o papel de crítica do poder".

Como a mesma imprensa não é igualmente crítica a todos os governos, e a todos os partidos, Eduardo Portella está, evidentemente, se referindo à crítica ao PT e ao Governo Federal.

Portella prosseguiu elogiando o partidarismo da imprensa e criticando o governo da presidenta Dilma Rousseff, sem citar o nome dela:

Segundo ele, "em nossa pré-história colonial houve uma aparição estranha, conhecida como os bolseiros do Rei, que parece ressurgir".

Apreciado por José Sarney (PMDB) e figuras do PSDB, como José Serra, Aécio Neves e Tasso Jereissati, e do DEM, como Agripino Maia, Eduardo Portella ignorou o reconhecimento internacional dos programas nacionais de combate à fome e à miséria.

Também não lembrou da importância que o Bolsa Família vem tendo na economia.

Em certo momento, Eduardo Portella pareceu definir as pessoas que recebem o Bolsa Família como "vagabundas": "Não está de todo descartada a hipótese de uma sociedade saudavalmente de trabalhadores vir a ser, em grande parte, reduzida a uma sociedade de bolsistas".

Vendo que usou referências preconceituosas, tentou corrigir: "Falo apenas dos bolsistas ociosos, evidentemente".

Não adiantou. Na Academia Brasileira de Letras, a emenda saiu pior que o soneto.



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