Do Luis Nassif
Autor:
Weden
A posse do jornalista Merval Pereira, homem ligado ao poder nas
Organizações Globo, como novo "imortal" da Academia Brasileira de Letras
acabou se transformando num evento político-partidário, com forte
presença de figuras do PSDB.
O tom de engajamento ficou claro no discurso de Eduardo Portella.
O ex-ministro da ditadura militar sugeriu que a eleição do jornalista
Merval Pereira para a Academia Brasileira de Letras fora um prêmio à
imprensa partidária. Ele também afirmou que o Bolsa Família é recebido
por pessoas que não trabalham, embora tenha tentado se corrigir ao
final.
Eduardo Portella começou elogiando o jornalista tucano pelo que ele
representa para uma imprensa "que, diante, da ineficiência das
oposições, cumpre o papel de crítica do poder".
Como a mesma imprensa não é igualmente crítica a todos os governos, e
a todos os partidos, Eduardo Portella está, evidentemente, se referindo
à crítica ao PT e ao Governo Federal.
Portella prosseguiu elogiando o partidarismo da imprensa e criticando
o governo da presidenta Dilma Rousseff, sem citar o nome dela:
Segundo ele, "em nossa pré-história colonial houve
uma aparição estranha, conhecida como os bolseiros do Rei, que parece
ressurgir".
Apreciado por José Sarney (PMDB) e figuras do PSDB, como José Serra,
Aécio Neves e Tasso Jereissati, e do DEM, como Agripino Maia, Eduardo
Portella ignorou o reconhecimento internacional dos programas nacionais
de combate à fome e à miséria.
Também não lembrou da importância que o Bolsa Família vem tendo na economia.
Em certo momento, Eduardo Portella pareceu definir as pessoas que
recebem o Bolsa Família como "vagabundas": "Não está de todo descartada a
hipótese de uma sociedade saudavalmente de trabalhadores vir a ser, em grande parte, reduzida a uma sociedade de bolsistas".
Vendo que usou referências preconceituosas, tentou corrigir: "Falo apenas dos bolsistas ociosos, evidentemente".
Não adiantou. Na Academia Brasileira de Letras, a emenda saiu pior que o soneto.
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