Tivemos no último domingo eleições municipais em todo o país. Em
Salto uma data que terá espaço especial na nossa história. Pelo menos
para aqueles que defendem uma democracia direta e participativa e
acreditam que é possível fazer da política um espaço onde a ética e a
transparência predominem.
A vitória de JUVENIL e JUSSARA
não foi somente uma vitória. Ela, além de ter sido uma resposta
contundente à quebra de compromissos ocorrida em janeiro de 2012, é o
coroamento de um longo processo de lutas, derrotas e conquistas,
daqueles que defendem o Partido dos Trabalhadores em nossa cidade desde
sua fundação. Enganam-se aqueles que querem emprestar a essa vitória a
superficialidade de uma resposta a um grupo que tentou se apoderar da
prefeitura a qualquer custo. Evidente que também foi, mas muito mais que
isso foi o coroamento de uma trajetória que tem um objetivo muito
claro: a democracia representativa sendo exercitada na prefeitura.
Foram
décadas de buscas e tentativas, desde a candidatura do companheiro
Merlin em 1982 até esse momento. Juvenil vem de uma experiência única
que agregou vários companheiros e militantes nessa magnífica história.
Eleito vereador em 1988 e em 1992, passa a ser a referência do partido a
partir de então, quando disputa duas eleições para prefeito: a de 1996 e
a de 2000, chegando à última a uma expressiva votação. Na busca pela
conquista do poder para transformar esse poder em serviço para a
comunidade, o grupo negocia em 2003 uma grande aliança, que projeta o
longo prazo da política saltense: pelo menos 20 anos para melhorar as
condições da cidade e de seu povo. Esse foi o compromisso personificado
primeiramente em Geraldo prefeito, depois Juvenil na sequência.
Indiscutível
os resultados do governo Geraldo/Juvenil em pelo menos seis dos seus
oito anos. Tão indiscutível que ainda as pesquisas de opinião colocam o
governo em um patamar de aprovação altíssimo. Tudo caminhava para que o
projeto traçado em 2003, resultado de uma longa caminhada iniciada em
1982, tivesse continuidade e a cada ano fosse mais certeza em nosso
meio. Entretanto a ambição humana é incapaz de se sujeitar a projetos de
longo prazo. E num repente inesperado para a opinião pública, a aliança
é desfeita em janeiro de 2012, de forma abrupta e unilateral.
Mas
o projeto daqueles que romperam teve pouca substância, pouco alicerce.
Aliás, a história nos mostrará ainda o que motivou tamanho erro político
por parte de nosso atual prefeito. Terá sido simples ambição pessoal?
Terá sido uma tentativa de fortalecer alguns partidos que compuseram com
ele? Terão sido “fatores externos”? Se foram “fatores externos” de
quais dimensões? Enfim, ainda muito se falará e se descobrirá a esse
respeito.
O que os rompedores não contavam era com a
paciência histórica e a perseverança dos expulsos. Desde 2010 o PT vinha
trabalhando para constituir uma base sólida de apoio e de
sustentabilidade para a futura campanha com Juvenil candidato. O
rompimento sempre foi uma possibilidade analisada e discutida no grupo,
que sempre teve o posicionamento de nunca ser o provocador dele e de
sempre defender o governo enquanto nele estivesse. Imaginávamos vários
cenários, com os dois extremos: a continuidade tranquila da aliança e o
rompimento provocado pelos outros grupos. Entretanto de 2011 para cá,
ficava cada vez mais evidente a dificuldade em se manter a aliança. O
que sempre foi negociado deixou de ser. O que fazia parte de uma
convivência tranquila passou a ser motivo de grandes discussões e
travamentos. A transparência até então existente deixou de acontecer. Ou
seja, alguma coisa antes das eleições aconteceria. O que imaginávamos é
que fosse algo negociado, conversado e sem rusgas. Ledo engano.
A
partir do chamado “racha”, a campanha foi colocada na rua, e estávamos
preparados para ela. Os passos dados durante a campanha toda sempre
tiveram muitas reflexões e ponderações antes de serem decididos. As
pesquisas foram nossas orientadoras para os movimentos futuros. A
escolha de Jussara como vice-prefeita talvez seja o maior dos exemplos
dessa reflexão em cima de dados e de análises. Acertamos em cheio.
A
cada pesquisa observávamos um crescimento consistente de JUVENIL e
JUSSARA, a queda da candidatura Ângelo e a estagnação da candidatura
Gilmar, apesar de todo o esforço do atual prefeito em apoiá-la, calcado
em sua grande aprovação. E seguíamos nosso caminho com o propósito de
manter acesos os princípios e objetivos defendidos de há muito tempo.
A
vitória foi escandalosamente maravilhosa. 60% dos votos não é só uma
vitória. É uma Vitória com letra maiúscula. É uma vitória que consolidou
um projeto e um caminho para a cidade. Nos últimos dias de campanha,
como em todas elas, as apelações foram enormes. A principal delas foi a
tentativa de ligar Juvenil e o PT local aos “escândalos do mensalão”,
atualmente em julgamento no STF. Mas como em todo o Brasil, aqui em
Salto também isso não “colou”. As maiores provas são: o resultado em
Osasco, onde o PT ganhou no primeiro turno, apesar de lá ser a cidade
onde João Paulo Cunha (condenado pelo STF) era o candidato; a votação do
PT no Brasil todo foi maior que de todos os partidos. Veja aqui e aqui.
OS NÚMEROS
Várias
são as análises que podem ser feitas dos números expressos nas eleições
de 07 de outubro. A primeira delas, certamente, é que o dinheiro
somente não vence eleições. A segunda é que por mais bem aprovado que
seja um político (no caso nosso prefeito), a máxima de se “eleger poste”
não é mais verdadeira. Gilmar infelizmente não tem os requisitos da
grandeza exigida pela população para um bom governo, como construído
pela aliança de 2003. As vitórias tem que ser construídas
historicamente, de forma consistente e permanente. Não são rompantes de
egoísmos e orgulhos que mudam a expectativa das pessoas.
Algumas outras observações importantes nos números:
A
coligação PT/PTN foi a mais votada da cidade. Teve 13.159 votos e
elegeu cinco vereadores. A segunda coligação mais votada foi a do
PRB/PSC, que apoiava JUVENIL e JUSSARA, que teve 7.737 votos e elegeu
dois vereadores.
Das coligações todas para vereadores, as
que apoiavam JUVENIL e JUSSARA, tiveram 26.889 votos (43,91%) e elegeram
oito vereadores. Das que apoiavam Gilmar, tiveram 27.341 votos (44,64%)
e elegeram oito vereadores. Das do Ângelo, 6.503 votos (10,62%) e
elegeram um vereador. A maior curiosidade aqui é a disparidade entre
votos nos vereadores e votos nos prefeitos. JUVENIL e JUSSARA tiveram
36.282 votos e Gilmar 13.806. A quantidade de eleitores para vereadores
que não votaram no prefeito apoiado por eles foi muito grande.
Dos
partidos, o PT novamente estourou em votos em relação aos demais. Teve
12.596 votos (20,57%). O segundo mais votado foi o PP que teve 5.707
votos (9,32%). Uma diferença assustadora. A grande surpresa ficou por
conta do terceiro colocado: o PRB, com 5.238 votos (8,55%). O PT elegeu
cinco vereadores e teve 2.054 votos de legenda. O PMDB ficou só em
quarto lugar, com 3.905 votos (6,38%).
Outra curiosidade:
votaram mais eleitores nas eleições proporcionais (61.241) que nas
eleições majoritárias (60.623). A abstenção esteve na média nacional:
15,87% ou 12.140 eleitores não foram votar.
Vários
candidatos a vereadores tiveram mais votos que alguns eleitos, porém não
entraram por conta da proporcionalidade. São eles: Luizão (PSB), Xandão
(PRB), Jades (PSDB), Simão (PSDB), Javiel (PSC), Lamana e Cícero Landim
(PT) e Tavares (PP).
Dos atuais vereadores, quatro foram
reeleitos: Lafaiete, Garotinho, João Ramalho e Eliano. Os três que
ficaram de fora foram: Luizão, Álvaro Pacheco e Araldo Pacheco. Os
demais não se candidataram.
Dos eleitos, já foram
vereadores: Natalino, Preto, Willhes, Dra. Rosana e João Bispo. Estão
pela primeira vez: Cordeiro, Edmilson, Kiel, Guina, Lampião, Luzia
Vidal, Zezinho Cabeleireiro e Lobinho.
Esses dois últimos
parágrafos nos da à conclusão de que apesar do aumento grande de
cadeiras, a renovação não foi tão grande como esperado por boa parte da
população. Dos onze atuais, sete disputaram a reeleição e quatro a
conseguiram.
Outras inúmeras análises podem ser produzidas
a partir dos resultados. O que mais importa nesse momento é dizer que o
projeto do PT foi consolidado na cidade, tanto na votação para prefeito
como na votação para vereadores. Além disso, consolida-se um caminhar
de 30 anos, iniciado em 1982 com o PT em Salto. Desta vez teremos a
oportunidade de exercitar o que pregamos por todos esses anos, juntos
com a população.
O embate legislativo será ferrenho.
Entretanto o que mais o PT sabe fazer é a boa negociação, sem amarras,
sem ameaças e sem compadrios. Negociações pelo bem da cidade. E isso
faremos incansavelmente.
Parabéns a todos e todas pela boa VITÓRIA!!!
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