Autor:
Marcos Coimbra Haddad vs. Serra
Vai recomeçar!
Segunda feira, a mãe de todas as batalhas eleitorais deste ano será reiniciada em São Paulo.
Na verdade, havia sido retomada desde a noite do domingo passado,
enquanto os resultados do primeiro turno ainda estavam sendo
processados. Ao agradecer a votação e cumprimentar os eleitores, José
Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) já indicavam o que diriam a
seguir.
De amanhã em diante, o grande enfrentamento que fazem volta à
televisão. Sem desmerecer as outras cidades em que os eleitores terão
que votar de novo, é o único confronto realmente importante.
O maior vencedor do primeiro turno foi o PT. Obteve o maior volume de
votos. Entre os cinco maiores partidos na eleição de 2008, só ele
aumentou o número de prefeituras conquistadas (enquanto diminuíam as do
PMDB, do PSDB, do DEM e do PP). Fez mais vereadores que qualquer um.
Venceu na maior quantidade de cidades médias. Contando seu desempenho
com o dos partidos coligados, saiu-se melhor nas capitais.
Somente dois partidos médios, o PSD e o PSB, tiveram performance comparável.
Em função disso, é o mais bem posicionado para as eleições
legislativas de 2014. É razoável supor que elegerá uma bancada maior de
deputados federais, pois terá bases municipais mais amplas. Pelo mesmo
motivo, é provável que eleja mais deputados estaduais.
Mas falta o duelo paulista.
Serra e Haddad terminaram o primeiro turno empatados, com pequena diferença na votação obtida.
O que é mau para o tucano.
É a segunda vez seguida que experimenta grandes dificuldades frente a
candidatos lançados por Lula, os dois sem experiência eleitoral. Em
2010, perdeu para Dilma, quando acreditava que seu currículo seria
suficiente para elegê-lo. Bastava que fingisse ser o “Zé que vai
continuar a obra do Lula”, como dizia em um inesquecível comercial de
campanha.
Não colou.
Agora, está sem esse argumento para derrotar Haddad.
Pensando bem, não tem nenhum, salvo o esforço de fazer com que a
cidade acredite em sua nova história: que a eleição de prefeito diz
respeito a “valores”, como vem afirmando, com ar compungido, desde o
domingo. Que é melhor que Haddad por “motivos éticos”.
Não é impossível que vença a eleição, assumindo o lugar de porta-voz
do conservadorismo mais extremo. Outros políticos já fizeram isso com
sucesso em São Paulo.
Mas parece que terá um árduo caminho pela frente. Considerando as
pesquisas disponíveis, só está conseguindo agregar pouco ao que obteve
no primeiro turno. Haddad, ao contrário, mostra capacidade de
crescimento bem superior.
Com 10 pontos a menos que o petista, o que resta a Serra? Pouca
coisa, além de rezar para que seus amigos na imprensa e em igrejas
conservadoras lhe deem alento.
Melancólico momento para um político a quem muitos admiraram. Com a
rejeição estratosférica que tem, sua única aposta é tentar puxar o
adversário para baixo.
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