domingo, 14 de outubro de 2012

Haddad X Serra

Do Luiz Nassif

Autor: 

Haddad vs. Serra

Vai recomeçar! 

Segunda feira, a mãe de todas as batalhas eleitorais deste ano será reiniciada em São Paulo. 

Na verdade, havia sido retomada desde a noite do domingo passado, enquanto os resultados do primeiro turno ainda estavam sendo processados. Ao agradecer a votação e cumprimentar os eleitores, José Serra (PSDB)  e Fernando Haddad (PT) já indicavam o que diriam a seguir.  

De amanhã em diante, o grande enfrentamento que fazem volta à televisão. Sem desmerecer as outras cidades em que os eleitores terão que votar de novo, é o único confronto realmente importante. 

O maior vencedor do primeiro turno foi o PT. Obteve o maior volume de votos. Entre os cinco maiores partidos na eleição de 2008, só ele aumentou o número de prefeituras conquistadas (enquanto diminuíam as do PMDB, do PSDB, do DEM e do PP). Fez mais vereadores que qualquer um. Venceu na maior quantidade de cidades médias. Contando seu desempenho com o dos partidos coligados, saiu-se melhor nas capitais. 

Somente dois partidos médios, o PSD e o PSB, tiveram performance comparável. 

Em função disso, é o mais bem posicionado para as eleições legislativas de 2014. É razoável supor que elegerá uma bancada maior de deputados federais, pois terá bases municipais mais amplas. Pelo mesmo motivo, é provável que eleja mais deputados estaduais. 

Mas falta o duelo paulista.   

Serra e Haddad terminaram o primeiro turno empatados, com pequena diferença na votação obtida. 

O que é mau para o tucano. 

É a segunda vez seguida que experimenta grandes dificuldades frente a candidatos lançados por Lula, os dois sem experiência eleitoral. Em 2010, perdeu para Dilma, quando acreditava que seu currículo seria suficiente para elegê-lo. Bastava que fingisse ser o “Zé que vai continuar a obra do Lula”, como dizia em um inesquecível comercial de campanha. 

Não colou. 

Agora, está sem esse argumento para derrotar Haddad. 

Pensando bem, não tem nenhum, salvo o esforço de fazer com que a cidade acredite em sua nova história: que a eleição de prefeito diz respeito a “valores”, como vem afirmando, com ar compungido, desde o domingo. Que é melhor que Haddad por “motivos éticos”. 

Não é impossível que vença a eleição, assumindo o lugar de porta-voz do conservadorismo mais extremo. Outros políticos já fizeram isso com sucesso em São Paulo. 

Mas parece que terá um árduo caminho pela frente. Considerando as pesquisas disponíveis, só está conseguindo agregar pouco ao que obteve no primeiro turno. Haddad, ao contrário, mostra capacidade de crescimento bem superior.  

Com 10 pontos a menos que o petista, o que resta a Serra? Pouca coisa, além de rezar para que seus amigos na imprensa e em igrejas conservadoras lhe deem alento. 

Melancólico momento para um político a quem muitos admiraram. Com a rejeição estratosférica que tem, sua única aposta é tentar puxar o adversário para baixo.  
 

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