A direção da Central Única dos Trabalhadores no Estado do Rio de
Janeiro, em nota divulgada nesta segunda-feira, vê com “extrema
preocupação o desenrolar do julgamento da Ação Penal 470 no Supremo
Tribunal Federal”. Segundo o documento, a “pressão exercida pela mídia
visando não um julgamento técnico e justo, com base nos autos e nos
postulados do direito e da justiça, mas sim a condenação antecipada e o
linchamento público dos réus, lamentavelmente, faz eco entre os
ministros supremos do país”.
“Num clima inadequado de espetacularização, garantias constitucionais caras à democracia são ignoradas, na medida em que o STF
contraria a doutrina e sua própria jurisprudência no afã de “exemplar”
um determinado partido político brasileiro. Para a perplexidade geral,
um dos ministros ousou até mesmo inverter o ônus da prova, ao dizer com
todas as letras que cabe ao acusado provar sua inocência”, acrescenta o
texto.
Leia aqui os demais trechos do documento:
“Nessa toada, fundamentos básicos do direito penal como a presunção
de inocência e a necessidade de provas concretas para a imputação dos
réus são substituídos por conjecturas, ilações e valorações subjetivas,
ancoradas por teses jurídicas jamais usadas pelo Judiciário brasileiro
para condenações, como a teoria do “domínio funcional do fato.”
“O STF afronta a Constituição brasileira quando cerceia o
direito à ampla defesa de dezenas de réus, cujos processos teriam que
ser remetidos à instância de primeiro grau do Judiciário, uma vez que os
mesmos não exercem os cargos para os quais a Carta Magna prevê o foro
privilegiado, ou seja, o julgamento pelo Supremo.
“Choca ainda mais saber que os acusados no processo conhecido como
“mensalão mineiro do PSDB” ( mais antigo que o atual e inexplicavelmente
engavetado) usufruíram desse direito, revelando uma inaceitável adoção
do conceito “dois pesos e duas medidas” pela mais alta corte do país.
“Outro grave erro do STF foi o de se curvar às pressões
midiáticas, provocando a absurda coincidência do julgamento da Ação
Penal 470 com as eleições municipais deste ano. Com isso, o Supremo se
permitiu instrumentalizar pela ação política, eleitoral e partidária da
mídia brasileira.
“Convenhamos, por outro lado, que vazamentos de votos e opiniões por
parte dos ministros à imprensa, bem como comentários debochados sobre
esta ou aquela política de alianças adotada pelos partidos e a
demonização da atividade política são posturas absolutamente estranhas
ao que se espera de um juiz supremo.
“Com a aproximação da reta final do julgamento, a direção da CUT-RJ
alerta a sociedade para a gravidade do que ora acontece no STF e cobra o
respeito ao contraditório, à mais ampla defesa e ao devido processo
legal por acreditar que é o futuro do Estado de Direito Democrático no
Brasil que está em jogo. Não há mais espaço para julgamentos políticos e
de exceção.
“Rio de Janeiro, 1 de outubro de 2012.
“Direção Executiva da Central Única dos Trabalhadores
no Estado do Rio de Janeiro”.
no Estado do Rio de Janeiro”.
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