Serra diz que ‘kit gay’ distribuído em SP é diferente do de Haddad
RENAN TRUFFI, Direto de São Paulo, no Terra
O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, confirmou
nesta segunda-feira que distribuiu um kit anti-homofobia para
professores da rede pública de ensino em 2009, quando era governador. O
tucano disse, no entanto, que o guia feito pelo Estado é “diferente” do
material encomendado em 2010 pelo Ministério da Educação (MEC) durante a
gestão do atual candidato a prefeito pelo PT, Fernando Haddad. Até a
divulgação do fato, o “kit gay” de Haddad, como é chamado
pejorativamente, era tema recorrente na campanha eleitoral. Tanto que
Serra chegou a dizer que o guia petista fazia apologia ao bissexualismo.
“Eu avalio em primeiro lugar que é mentira que (o material) é
parecido. Quem fez (a matéria) é que devia mostrar qual é a semelhança
(entre os dois). O nosso material é correto e dirigido aos professores,
para que eles possam lidar com as diferentes situações de preconceito”,
afirmou o tucano em relação à matéria do jornal Folha de S.Paulo. De
acordo com ele, o kit anti-homofobia de seu adversário seria voltado
diretamente para os estudantes.
Além disso, Serra disse que sua cartilha, chamada de ‘Preconceito e
discriminação no contexto escolar – Guia com sugestões de atividades
preventivas para a HTPC e sala de aula’, não alertava somente sobre
preconceito sexual.
“Não é um material voltado para a natureza sexual, mas também a
preconceito de classe, religioso, material voltado para a família. Tanto
que na época ninguém reclamou. É um material voltado aos professores, é
um livrinho. Não tem nada a ver com o desastrado kit gay do Fernando
Haddad que custou R$ 800 mil e está ai sem produzir…perdão…e não envolve
nenhuma medida positiva. E ainda gastou R$ 800 mil e o TCU (Tribunal de
Contas da União) está cobrando esse dinheiro”, disse.
O kit de Serra foi criado pelo governo do Estado, em parceria com a
Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). O material sugere o
uso de imagens de meninas se beijando e homens se abraçando e é entregue
a professores, mas não é de uso obrigatório, informou a Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo.
Ao final da entrevista coletiva, o candidato do PSDB chegou a sugerir
ainda que a divulgação do fato tem “dedo” do ex-ministro da Casa Civil,
José Dirceu, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dirceu é réu no processo do mensalão, que está sendo julgado no Supremo
Tribunal Federal (STF). “Foi mal feito (o kit de Haddad). Eu vi alguns
vídeos. Não são iguais. Essa matéria tem dedo do Zé Dirceu. Só pode ser
isso. É mentirosa, só pode estar o Zé Dirceu por trás”, acusou.
Irritado
Serra não gostou quando foi perguntado sobre o tom agressivo que
adotou em sua propaganda eleitoral na TV. Nesta segunda, a campanha do
tucano usou o escândalo do mensalão para criticar seu adversário.
Questionado se era uma estratégia por estar atrás nas pesquisas de
intenção de voto, ele reagiu:
“Não sei, eu não vi”, negou antes de ironizar a repórter. “Vai lá
para o Haddad. É a pauta dele. Não precisa ter uma assessora a mais para
ele. Vai lá direto”, disse como se a profissional estivesse a serviço
da campanha do PT. As declarações foram dadas depois de visita o bairro
Cidade Ademar, na extrema zona sul da capital paulista.
PS do Viomundo: Só um político blindado pelos patrões midiáticos pode fazer impunemente o que José Serra faz com jornalistas.
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