domingo, 21 de outubro de 2012

Industrializando a educação

Sou favorável à avaliação dos professores. Entretanto o modelo que aos poucos se espalha pelo Brasil tem um erro de origem: definir produtividade de professores. Não é essa a lógica da educação e não pode ser essa a lógica da avaliação de seus profissionais. 


Por Vinicius Carioca

Desempenho de professores da rede estadual do Rio será monitorado

Banco Mundial vai capacitar funcionários da Secretaria de Educação para fazer a avaliação

O Globo

Cerca de cem escolas da rede pública estadual do Rio deverão receber em novembro a visita de coordenadores pedagógicos da Secretaria Estadual de Educação treinados pelo Banco Mundial para dar início a um projeto-piloto que visa a medir a eficiência dos professores em sala de aula. O estudo, que já foi feito em outras mil escolas de Minas Gerais, Pernambuco e do município do Rio, deverá dar ao secretário Wilson Risolia um mapa sobre onde atuam os melhores mestres do estado.

O objetivo é aponta e espalhar boas práticas e, em um segundo momento, fazer com que esses resultados levem a programas de bonificação por performance. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), no entanto, já critica a medida.

"Os observadores que vamos treinar ficarão no fundo da sala e, seguindo um método padronizado adotado nos Estados Unidos, farão anotações sobre os materiais que os professores usam, as atividades que promovem e o grau de envolvimento dos alunos", explicou a economista-chefe do Banco Mundial para Educação na América Latina e na região do Caribe, Barbara Bruns, em uma das mesas do Global Economic Symposium, que aconteceu nesta semana no Rio.

Segundo Barbara, a indústria da educação é a única em que os "operários" (professores) não tem sua performance avaliada de forma direta e objetiva em busca de uma otimização do tempo. "O que existe no Brasil são sistemas que avaliam as escolas, não os professores. E nós acreditamos na diferenciação entre eles. Em Washington D.C, por exemplo, graças a um programa desse tipo, o estado descobriu onde estão seus melhores mestres e dobrou o salário deles."

Desde 2009, o programa implantado pelo Banco Mundial já avaliou professores em 600 escolas de Minas Gerais, 300 de Pernambuco e cem da cidade do Rio. Constatou "uma variação gigantesca" no uso do tempo e, ao cruzar esses resultados com os obtidos pelos alunos, enxergou uma relação direta. "Faremos esse piloto agora em novembro, quando as provas de fim de ano estão próximas, e uma mostra maior no ano que vem", adiantou Barbara.

A economista destaca que a avaliação do professor é anônima e tem por objetivo dar a Risolia um mapa de seus melhores quadros. "Sabemos que os sindicatos não costumam aprovar esse tipo de avaliação que os diferencia. Mas o programa funciona no Chile, em Cingapura e estamos trabalhando muito bem no Peru."

A coordenadora geral do Sepe, Gesa Correa, lamentou a adoção da avaliação. "Isso mostra que o secretário Risolia continua seguindo a linha de punir e responsabilizar o professor por todas as mazelas da educação. O secretário continua insistindo em avaliações externas para dizer que a culpa de a escola não ir bem não é do estado, mas dos professores. Testes padronizados só servem para colocar um ranking, dividir profissionais de educação entre competentes e incompetentes. A educação não pode ficar na mão de economistas."


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