Rio
de Janeiro – A sessão de hoje (17) do julgamento do processo do mensalão no Supremo
Tribunal Federal (STF) determinou três novos empates na análise do crime de
lavagem de dinheiro imputado a parlamentares do PT, ao ex-ministro dos
Transportes, Anderson Adauto, e assessores. Com os votos dos ministros Gilmar
Mendes, Celso de Mello e Carlos Ayres Britto pela condenação dos ex-deputados
Paulo Rocha e João Magno, além de Adauto, o placar ficou empatado em cinco votos
pela condenação dos réus, que agora somente terão sua situação definida pelo
tribunal ao fim do julgamento.
Os
três ministros votaram ainda pela absolvição do ex-deputado Professor Luizinho,
de José Luiz Alves (assessor de Adauto) e de Anita Leocádia (assessora de Rocha).
Antes da conclusão da análise desse item, no entanto, Gilmar Mendes pediu a palavra
e voltou atrás em relação ao voto proferido na segunda-feira (15) pela absolvição
do publicitário Duda Mendonça e de sua sócia Zilmar Fernandes na análise dos
crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O relator do processo,
Joaquim Barbosa, acompanhou Mendes e também mudou seu voto, mas a mudança não foi
suficiente para reverter a absolvição de Duda e Zilmar.
Antes
de iniciar a leitura de seu voto sobre o último item do processo, que
trata de formação
de quadrilha e envolve 13 réus, Barbosa encaminhou um pedido ao
presidente
do STF, Ayres Britto, para que seja realizada uma sessão extra do
julgamento do
mensalão no próximo dia 23. Barbosa decidiu apressar o julgamento porque
tem
viagem marcada para a Alemanha, onde iniciará tratamento de saúde, dia
29, dia seguinte à votação do segundo turno das eleições municipais.
A
proposta do relator foi questionada em plenário pelos ministros Ricardo
Lewandowski, José Antônio Dias Toffoli e Carmen Lúcia, mas terminou aprovada pelo
colegiado sem votos contrários. Lewandowski se absteve quando consultado sobre
a sessão extra: “Em nenhum momento fui consultado sobre o cronograma do
julgamento. Portanto, com o devido respeito, me abstenho de manifestar qualquer
posicionamento sobre o calendário agora”, disse.
A
ministra Carmen Lúcia, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), lembrou
o grande volume de trabalho que terá pela frente na semana que antecede o segundo
turno: “Terei de me ausentar em algum momento. Há 50 municípios com recursos no
TSE que teremos de julgar. Não tenho o dom da ubiqüidade”, disse.
'Rigor jurídico'
Durante a sessão, o
relator do processo do mensalão e o presidente do STF defenderam o julgamento
das acusações de inconsistência e politização oriundas de diversos setores da
sociedade: “A essa altura do julgamento, não há mais dúvida
sobre o fato de que Marcos Valério firmou um acordo com o PT para ser a
lavanderia ou o duto através do qual todo o tipo de ilicitudes poderiam ser
praticadas. O procurador-geral fez uma divisão de ordem pragmática da denúncia”,
disse Barbosa.
Ayres Britto seguiu
na mesma linha: “O que nós estamos fazendo aqui é um julgamento
rigorosamente jurídico, onde estamos aplicando um julgamento que excomunga um
certo modo de fazer propina. O jurista italiano Michelle Taruffo diz que a
investigação criminal obedece em certa medida à leitura de um texto. O que
fazemos quando lemos um texto? Vamos conectando palavras, frases, períodos,
para termos ao final uma visão de conjunto, do textual para o contextual. No
processo penal é a mesma coisa”, disse. O
presidente do STF continuou seu raciocínio: “Fomos individualmente
analisando fatos, reconstituindo a materialidade desses fatos, e depois nós
fizemos a conexão funcional deles. (...) O todo, portanto, nos autoriza a fazer
deduções e inferências”.
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