Morador ironiza campanha da prefeitura de São Paulo em protesto por desapropriações
Faixas com o slogan 'Milhares de desapropriações e
desperdício do dinheiro público, antes não tinha, agora tem!' são
fixadas em casas a serem desapropriadas no Jabaquara, na zona sul
Moradores se unem para criticar obras da Operação Urbana
Água Espraiada: cerca de 2 mil residências serão desapropriadas (Foto:
Jailton Garcia/RBA)
São Paulo – Uma paródia da campanha publicitária da prefeitura de São
Paulo “Antes não tinha, agora tem” foi adotada por moradores do
Jabaquara, bairro da zona sul da capital paulista, para protestar contra
obras que devem retirar cerca de 8.500 famílias do bairro. De acordo
com Marcos Munarim, integrante do Movimento Água Espraiada, cerca de 2
mil casas serão desapropriadas e outras milhares serão removidas de
comunidades da região para a construção de um parque linear e de um
túnel. “É um protesto contra a propaganda enganosa do prefeito que está
promovendo desapropriações em massa”, disse.
Faixas contendo o slogan “Milhares de desapropriações e desperdício
do dinheiro público, antes não tinha, agora tem!” estão sendo fixadas
desde o sábado (31) em residências que serão desapropriadas no bairro. O
material que traz o prefeito Gilberto Kassab (PSD) estilizado, também
cita “empreiteiras”, “especulação imobiliária” e a nota 10 que o
prefeito concedeu a si mesmo como administrador da cidade.
Os moradores protestam contra a alteração no conjunto de obras da
Operação Urbana Consorciada Água Espraiada. Projeto de 2001, aprovado
pelos moradores, previa 500 desapropriações para interligar a avenida
Roberto Marinho (antiga Água Espraiada) à rodovia dos Imigrantes, acesso
para a Baixada Santista. A nova via seria construída ao lado do córrego
Água Espraiada com um túnel de 400 metros ao final para conectar a
avenida com o acesso ao litoral paulista. “A obra beneficiava a cidade,
era barata e não prejudicava os moradores”, afirmou o morador.
Uma mudança no projeto apresentada por Kassab em 2009 foi aprovada
pela Câmara Municipal de São Paulo, em 2011, e levou a mudanças na obra
como aumento em quase cinco vezes no tamanho do túnel, que ficará com
2.350 metros e vai correr desconectado do parque linear, que passou de
130 mil metros para 600 mil metros.
As alterações aumentaram o contingente de desapropriações e o valor
da obra. Segundo Munarim, o número de pessoas removidas de comunidades e
desapropriadas nos bairros regulares pode chegar a 50 mil. “Esta é a
obra mais cara de São Paulo.”
Desperdício
Os moradores movem três ações contra a Lei 15.416/2011, que traz as
alterações no traçado do túnel. “Apresentamos duas ações diretas de
inconstitucionalidade (ADIs) e uma ação civil pública”, disse Munarim.
As interpelações judiciais questionam a falta de limites para o
perímetro do túnel que estaria 70% fora da operação urbana e a
legitimidade da licença ambiental.
De acordo com Munarim, o custo inicial do túnel seria de R$ 1,6
bilhão. Mas os moradores já calculam que parque e túnel chegarão a R$
4,5 bilhões com as atualizações nos valores dos serviços de construção
nos últimos três anos, desde o processo licitatório.
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