sábado, 7 de abril de 2012

Antes não tinha... agora tem!

Da Rede Brasil Atual

Morador ironiza campanha da prefeitura de São Paulo em protesto por desapropriações

Faixas com o slogan 'Milhares de desapropriações e desperdício do dinheiro público, antes não tinha, agora tem!' são fixadas em casas a serem desapropriadas no Jabaquara, na zona sul 
 
 
Morador ironiza campanha da prefeitura de São Paulo em protesto por desapropriações
Moradores se unem para criticar obras da Operação Urbana Água Espraiada: cerca de 2 mil residências serão desapropriadas (Foto: Jailton Garcia/RBA)

São Paulo – Uma paródia da campanha publicitária da prefeitura de São Paulo “Antes não tinha, agora tem” foi adotada por moradores do Jabaquara, bairro da zona sul da capital paulista, para protestar contra obras que devem retirar cerca de 8.500 famílias do bairro. De acordo com Marcos Munarim, integrante do Movimento Água Espraiada, cerca de 2 mil casas serão desapropriadas e outras milhares serão removidas de comunidades da região para a construção de um parque linear e de um túnel. “É um protesto contra a propaganda enganosa do prefeito que está promovendo desapropriações em massa”, disse.

Faixas contendo o slogan “Milhares de desapropriações e desperdício do dinheiro público, antes não tinha, agora tem!” estão sendo fixadas desde o sábado (31) em residências que serão desapropriadas no bairro.  O material que traz o prefeito Gilberto Kassab (PSD) estilizado, também cita “empreiteiras”, “especulação imobiliária” e a nota 10 que o prefeito concedeu a si mesmo como administrador da cidade.

Os moradores protestam contra a alteração no conjunto de obras da Operação Urbana Consorciada Água Espraiada. Projeto de 2001, aprovado pelos moradores, previa 500 desapropriações para  interligar a avenida Roberto Marinho (antiga Água Espraiada) à rodovia dos Imigrantes, acesso para a Baixada Santista. A nova via seria construída ao lado do córrego Água Espraiada com um túnel de 400 metros ao final para conectar a avenida com o acesso ao litoral paulista. “A obra beneficiava a cidade, era barata e não prejudicava os moradores”, afirmou o morador.

Uma mudança no projeto apresentada por Kassab em 2009 foi aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, em 2011, e levou a mudanças na obra como aumento em quase cinco vezes no tamanho do túnel, que ficará com 2.350 metros e vai correr desconectado do parque linear, que passou de 130 mil metros para 600 mil metros.

As alterações aumentaram o contingente de desapropriações e o valor da obra. Segundo Munarim, o número de pessoas removidas de comunidades e desapropriadas nos bairros regulares pode chegar a 50 mil. “Esta é a obra mais cara de São Paulo.”

Desperdício

Os moradores movem três ações contra a Lei 15.416/2011, que traz as alterações no traçado do túnel. “Apresentamos duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) e uma ação civil pública”, disse Munarim. As interpelações judiciais questionam a falta de limites para o perímetro do túnel que estaria 70% fora da operação urbana e a legitimidade da licença ambiental.

De acordo com Munarim, o custo inicial do túnel seria de R$ 1,6 bilhão. Mas os moradores já calculam que parque e túnel chegarão a R$ 4,5 bilhões com as atualizações nos valores dos serviços de construção nos últimos três anos, desde o processo licitatório.


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