São Paulo – Os
professores da rede pública de ensino da capital paulista retornaram
às atividades hoje (11), após nove dias de paralisação. Segundo
professores ouvidos pela reportagem, o retorno expôs “a
situação vexatória” da categoria e o “lamentável desfecho”
do movimento, que chegou a atingir 90% das escolas. Nos próximos
dias, lideranças contrárias à ação do sindicato, que encerrou a greve de forma conturbada, vão consultar
os trabalhadores e debater a forma de adequar a atuação sindical às
necessidades da categoria. A pedido dos entrevistados, os nomes foram
alterados.
Segundo a professora
Patrícia, o clima nas escolas é de “indignação geral”, mesmo
entre os professores municipais que não entraram em greve. A
situação se deve ao desfecho do movimento na noite de ontem (10),
quando o presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no
Ensino Municipal em São Paulo (Sinpeem), Claudio Fonseca, também
vereador do PPS, base aliada do prefeito Gilberto Kassab (PSD),
encerrou a reunião depois de avaliar que a votação da assembleia teria indicado o retorno às
aulas.
Durante a votação, os
trabalhadores ficaram divididos e Fonseca não aceitou a indicação
dos grevistas de realizar nova consulta, para que não houvesse dúvidas. O
sindicalista não acatou a sugestão da assembleia e tentou sair do
local após decretar o fim da paralisação. O caminhão de som
onde Fonseca estava, na praça do Patriarca, centro da capital, foi cercado por
trabalhadores que impediram sua saída por duas horas, enquanto
pediam nova votação. O presidente do sindicato só conseguiu deixar
o local por volta das 18 horas, escoltado pela Polícia Militar.
“Ele potencializou o
tumulto porque, depois de mais de 20 anos no sindicato, está ciente
da indignação dos professores com as condições de trabalho, com o
alto índice de adoecimento. A ação dele instigou uma massa
tensionada no seu limite”, disse Patrícia.
Para o professor
Alexandre, a reação da direção do sindicato foi de “tirania”.
“Não se termina uma greve de grandes proporções dessa forma, com
tirania e contra a opinião da assembleia”, disse. “O clima é
de repúdio nas escolas. Mesmo de quem não foi à assembleia.”
Enfrentamento
Lideranças de diversos
“agrupamentos” contrários à atuação da diretoria do Sinpeem
estão organizando fóruns de discussões nas regiões para definir
os próximos passos da categoria. No sábado (14), os grupos
reúnem-se para organizar um “comitê de enfrentamento”.
Na segunda-feira (16),
o sindicato realiza eleição para representantes do Conselho Geral,
a segunda instância deliberativa da entidade, mas as lideranças
temem que o pleito seja direcionado. “Temos desconfiança sobre a
organização das eleições. Ninguém teve acesso à comissão
eleitoral. Nem o estatuto da entidade é publicado no site”, disse a docente.
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