São Paulo – Com um custo médio de R$ 13 a cada 100 quilômetros, o
estado do Rio de Janeiro lidera a lista de estradas com os pedágios mais
caros do Brasil, seguido de perto por São Paulo, que cobra uma tarifa
média de R$ 12,80 pelo mesmo percurso. Minas Gerais é o que arrecada
menos do usuário, R$ 6,50 a cada 100 quilômetros, em média. Os dados
foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
em estudo sobre o custo e a qualidade das rodovias brasileiras.
Segundo o coordenador de infraestrutura econômica do Ipea, Carlos
Campos, as estradas sob responsabilidade do governo federal possuem
custo médio de pedágio de R$ 5,11. Ele afirmou que os altos preços
atuais não podem ser revisados por já estarem com seus contratos de
concessão em vigência. No entanto, os futuros modelos de concessão
adotados poderão fazer a diferença no preço final cobrado do usuário.
“O que podemos pensar são nas concessões futuras. As que utilizam
como critério a menor tarifa são as mais benéficas ao usuário”,
defendeu. O governo federal adota, desde 2004, o critério de concessão
que leva em conta a menor tarifa cobrada nos pedágios. Já o Rio de
Janeiro utiliza o valor de outorga – espécie de aluguel que o setor
privado paga ao poder público pela concessão daquela via – como critério
de seleção da empresa. Em São Paulo, é utilizado um sistema misto das
duas modalidades.
Comparada ao valor de pedágio cobrado internacionalmente, a média
brasileira, fixada em R$ 9 por 100 quilômetros, não fica muito distante
da média de R$ 8,80 (aproximadamente U$S 4,80) arrecadada pela mesma
distância em outros países, conforme dados do Banco Mundial.
Campos ainda ressaltou outro ponto que coloca o Brasil em desvantagem
quando comparado às políticas de concessões adotadas pela maioria dos
países desenvolvidos. “No Brasil, as rodovias concedidas já estão
construídas. No resto do mundo, a tarifa reflete na construção de uma
nova rodovia e todo o processo de manutenção dessa via ao longo do
contrato”, disse.
Qualidade das estradas
De acordo com os dados trazidos pelo Ipea, a qualidade das estradas
federais está bem abaixo da observada nas privatizadas. “As rodovias
federais receberam poucos recursos ao longo dos 25 anos, por isso
passaram por uma progressiva degradação. Por conta disso, os serviços
são mais onerosos. Já a malha privada, de modo geral, está em condições
adequadas”, avaliou o coordenador.
Apesar da baixa qualidade, Campos afirmou que essa realidade já foi
pior e tende a melhorar nos próximos anos. De acordo com uma avaliação
da Confederação Nacional do Transporte (CNT), as estradas classificadas
como boas ou ótimas passaram de 17% até 2004 e chegaram a 34% daquele
ano até 2011.
“Podemos perceber a diferença entre os anos de 2004 e 2011. Se
pegarmos a malha pavimentada sobre a administração pública, ela melhorou
significativamente nesse período”, observou o coordenador do Ipea. Ele
explicou que essa melhora se deu pelo aumento dos investimentos do
governo federal no setor, investimentos esses que deverão continuar
crescendo nos próximos anos.
Segundo o estudo da CNT, somente 1% da malha privada é considerada
ruim ou péssima, enquanto 32% das públicas recebem essa avaliação
negativa. Nas estradas sob concessão de empresas, a avaliação positiva
chega a 87%.
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