De Campos & Bravo
Brasileiros criam aplicativo que pode revolucionar a vida de surdos
Pessoas que nunca
tiveram problemas com a audição jamais poderão compreender a barreira
comunicacional que divide os ouvintes dos surdos. Mesmo com uma
linguagem de sinais específica e bem estabelecida, a Língua Brasileira
de Sinais (Libras), as dificuldades de comunicação permanecem como
obstáculo para o relacionamento entre os que vivem no silêncio e quem
escuta.
E foi observando a dificuldade de um colega de classe surdo,
Marcelo Amorim, que os estudantes de Ciência da Computação Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE) - João Paulo Oliveira, Lucas de Araújo
Mello Soares, Amirton Chagas, Flavio Almeida e Daniel Ferreira - tiveram
a ideia de desenvolver uma ferramenta de tecnologia que facilitasse a
comunicação entre o grupo.
Nascia, em 2010, o Prodeaf, um
aplicativo que assume o papel de intérprete de português e libra,
através de um avatar. "A intenção é transformá-lo em uma plataforma e
que possa ser usado em qualquer cenário", explica João Paulo, hoje
diretor de negócios da startup Proativa, criada em sociedade com o grupo
para o desenvolvimento do Prodeaf.
Ideia - O projeto partiu do
pressuposto de que nem sempre um surdo tem um intérprete ao seu lado e,
por isso, precisa de uma ferramenta portátil e fácil de usar e que
permita que ele se comunique com ouvintes. E é assim que chegaram ao
conceito de que o Prodeaf deveria ser um aplicativo para smartphone,
acessível por qualquer sistema operacional.
De acordo com João e
Lucas, com o app é possível que um surdo se aproxime de qualquer pessoa
para pedir uma informação, por exemplo. Com a câmera do aparelho, o
surdo registra os sinais em Libras e o sistema então os converte em
áudio. Para responder, basta que o ouvinte fale com o app, que irá então
representá-lo, via avatar no display.
Mas não é apenas na
comunicação ao vivo que o aplicativo surpreende. O seu uso, explicam,
pode ser estendido para ligações telefônicas. "Enquanto o surdo se
comunica via gestos, o app os transformará em voz. Na outra ponta da
ligação, o ouvinte terá sua resposta convertida em sinais", finaliza
João.
Outra boa notícia é que o Prodeaf está em vias de ser
colocado em testes com um grupo de surdos de associações parceiras do
projeto, como a Associação de Surdos de Pernambuco, por exemplo. "A
intenção é disponibilizar em caráter de teste para usuários em até dois
meses", afirma João Paulo.
O grupo ainda está à procura de
patrocinadores para que a produção do Prodeaf possa ser feita em grande
escala, mas preveem que o lançamento da ferramenta para o público geral
possa acontecer já em 2013. "Estamos entusiasmados com o projeto e
também com o fato de termos conseguido quebrar essa barreira que divide
os surdos dos ouvintes, nos sentimos importantes", brinca Lucas.
O
entusiasmo não ficou reservado apenas aos jovens e aos grupos de surdos
parceiros do projeto. No ano passado, o Prodeaf recebeu reconhecimento
internacional ao ficar no segundo lugar mundial da Imagine Cup 2011 da
Microsoft. O desafio proposto pela edição passada era imaginar soluções
tecnológicas que pudessem ajudar a resolver problemas mundiais. E, ao
que parece, os meninos de Pernambuco absorveram perfeitamente a ideia da
competição estudantil.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=81803
Fonte: Jornal da Ciência
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