sábado, 24 de julho de 2010

Fantasmas.

Nesta semana uma das coisas que mais marcaram presença em minha mente, além do merecido descanso, foi sem dúvida a manifestação do bispo de Guarulhos sobre a candidata Dilma. Por conta de a candidata afirmar que a questão do aborto é uma questão de saúde pública e não pode ser esquecido pelas políticas públicas, o dito bispo (que não sei o nome e nem me interessa), sai "pregando" para "seus fiéis" o não voto em Dilma. 

Confesso aos poucos que me acompanham que a primeira imagem que me veio a cabeça depois de ler ou ouvir isso, foi aquela onde Jesus chicoteou todos os que estavam no templo de Jerusalém comercializando as coisas de deus. Extremamente irritado, Jesus gritava com todos que a casa do seu pai não era uma casa para o comércio. E isso podemos ler nos evangelhos oficiais. Não são aqueles não aceitos e/ou escondidos pela Igreja. Por sinal uma linha dos evangelhos escondida, coloca Maria como a grande mentora da Igreja - sufocada, evidente pelos da linhagem masculina. A grande ficção tratada no Código Da Vinci tem seu fundo de verdade. Outros livros tratam sobre o tema de forma mais científica, inclusive. As vezes fico imaginando como seria a Igreja caso essa corrente não fosse afogada. Certamente menos hipócrita. 

Sim meus queridos, hipócrita. Como pode uma instituição que diz ser a "protetora da palavra de deus" ter uma postura tão assassina e baixa como essa de não garantir atendimento àquelas mulheres que dele necessitam em caso de gravidez indesejada? Como entender uma instituição que abomina o uso de preservativos, considera a relação sexual somente para a procriação e depois do casamento? Isso para ficarmos neste campo de discussão.

Jesus usava um outro termo que gosto muito: "sepulcros caiados". Imagino que no seu tempo a ostentação que hoje vemos nos cemitérios não era tão descarada. Mas a "caiação" dos sepulcros deveria ser uma prática. E o que queria dizer Jesus com esse termo? Que no belo está escondido a morte, a podridão, a decomposição. Hoje esse termo é ainda mais sugestivo, pois nossos sepulcros não são só caiados, mas ornamentados, ostentados, enfeitados. Mas dentro está a morte. Se olhasse para o bispo de Guarulhos, certamente seria essa a imagem que me viria a mente.

Não estou aqui defendendo a candidata, até porque ela não precisa disso. Estou sim é manifestando sentimentos que martirizam alguém que acreditou e muito nessa instituição. Alguém que, na ingenuidade ou cegueira, chegou até a defender posturas como essa. Há mais de vinte anos atrás.

Este é outro fenômeno que caracteriza a igreja: quanto mais passa o tempo, mais retrógrada ela fica. Os dogmas que na minha época questionávamos dentro dela, hoje são infinitamente mais fortes, lamentavelmente. E ela se arvora no direito de exigir que todos a acompanhem. Ou seja, faz questão de estar divorciada da realidade terrena. Realidade que Jesus sempre quis modificar: "eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância". Os sepulcros caiados não entenderam essa parte e querem a todo custo que seus fiéis fiquem endeusando uma vida eterna fora deste mundo. E para isso é preciso "ser puro", viver "na pureza". 
Fantasmas que se fixam e são duros, mas são só fantasmas...

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