domingo, 12 de setembro de 2010

Nove Anos sem Toninho

Lágrimas em lembrança a Toninho

Família e amigos realizam ato religioso em homenagem a prefeito assassinado a tiros em 2001
 
Luciana Brunca
DA AGENCIA ANHANGUERA
luciana.brunca@rac.com.br

Emoção e indignação marcaram o ato religioso realizado na tarde de ontem, quando completou nove anos da morte do prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, assassinado em 2001. Ao redor da cruz na Avenida Mackenzie, local do crime, amigos, familiares e militantes de movimentos sociais que trabalharam com Toninho rezaram e jogaram pétalas de rosas brancas e vermelhas, em um altar improvisado.

Nove pipas foram amarradas na cruz como símbolo de liberdade e também para lembrar o dia da posse como prefeito de Toninho, quando ele empinou uma pipa que havia recebido de um garoto.

“Viemos aqui todos os anos. É um momento de oração e de protesto. Atrás dessa cruz existe a história de uma pessoa. As investigações precisam ser conclusivas”, afirma a professora Maria Onice Félix da Silva, de 41 anos. Ela é moradora do Jardim Santa Mônica e trabalhou em alguns movimentos sociais com Toninho. “Não consigo falar dele sem chorar. Me emociono sempre”, disse.

Eleito prefeito de Campinas, Toninho foi morto com um tiro na noite de 10 de setembro de 2001, depois de oito meses e dez dia à frente do Executivo. Esta semana, o juiz do Tribunal do Júri, José Henrique Torres, determinou que as investigações sobre o assassinato fossem refeitas pela Polícia Civil. Ele considerou não haver provas, como alega o Ministério Público, de que o assassino teria sido o sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho.

Lembranças

No início do ato, todos ficaram de mãos dadas em volta da cruz e cada um disse uma qualidade de Toninho. Perseverança, esperança, amor, respeito, doação, lealdade, dignidade, coragem foram algumas da características descritas.

Após as orações, como sinal de homenagem, os presentes começaram a lembrar alguma passagem que tiveram com Toninho.

“As atitudes dele, de lutar por uma sociedade mais justa, mais igualitária, têm que ser seguidas por todos. Ele é um exemplo que precisa ser lembrado sempre, não podemos deixar isso cair no esquecimento”, afirmou o funcionário público Juarez Bispo Mateus, de 50 anos.

Emocionada e com lágrimas nos olhos, a viúva de Toninho, a psicóloga Roseana Garcia, disse que estar no lugar onde seu marido foi assassinado “é algo difícil”.

“É uma sensação ruim, me dá uma tristeza muito grande. Mas por outro lado, ouvir tudo que essas pessoas falaram sobre ele é um motivo de orgulho e me dá forças para continuar na luta em busca da verdade. Não posso deixar um homem como ele cair no esquecimento. Ele não era uma pessoa comum”, disse.

O ato terminou com uma salva de palmas em homenagem a Toninho.

Muito emocionado, o irmão do prefeito, Paulo Roberto Costa Santos, de 54 anos, disse que mesmo após nove anos a ausência ainda dói.

“Eu perdi o meu irmão e isso dói muito. Mas a sensação de impunidade, de não ver os verdadeiros culpados pela morte dele presos dói ainda mais. Eu vou acompanhar de perto essas novas investigações”, afirmou.

Investigação será reaberta pela polícia

O juiz José Henrique Torres determinou esta semana que as investigações do caso Toninho devem ser reabertas pela Delegacia Seccional. Não há um prazo para a conclusão do caso. A arma usada no crime contra Toninho, uma pistola de 9 milímetros, nunca foi encontrada. A família defende a tese de que foi um crime político. “Insistimos que a Polícia Federal entre no caso. Não quero perder as esperanças”, disse a viúva Roseana Garcia. A família já pediu três vezes ao Ministério da Justiça a entrada da PF no caso. O último pedido foi feito à Procuradoria Geral da República, em setembro do ano passado, mas ainda não obteve resposta. A denúncia de coautoria do crime contra Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, foi feita com base nas investigações do Departamento de Homícidio e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo. Torres rejeitou a denúncia dos promotores. Ele considerou que havia falta de provas e que os indícios contra ele eram frágeis. Andinho sempre negou envolvimento na morte do prefeito. “Tenho expectativa que agora vamos chegar a verdade”, afirma o irmão de Toninho, Paulo Roberto Costa Santos. (LB/AAN)

SAIBA MAIS

Homenagem a Toninho - Programação

11/09 (hoje): às 10h, conversa com o arquiteto Luiz Cláudio Bittencourt, sobre "Utopia: a dimensão urbanística de uma intervenção de restauro" . Na Casa Grande e Tulha, na Avenida Arlindo Joaquim de Lemos, 1.300, Jardim Proença

12/09 (amanhã): às 19h, missa na Igreja Nossa Senhora Aparecida, no Jardim Proença

15/09 (quarta-feira): às 19h apresentação do documentário Ecos, sobre a vida de Toninho, no Hotel Nacional Inn, seguido de debate

Mais informações no site
www.quemmatoutoninho.org

Nenhum comentário:

Postar um comentário