terça-feira, 28 de setembro de 2010

Folhona Tentando se Recompor

Do Tijolaço

Meu avô(*) dizia sempre que quando você tem que ficar se explicando muito, a sua situação está esquisita.
É o que estyá acontecendo com a  Folha de S.Paulo , que  já tinha se proclamado isenta em editorial no fim de semana, e hoje fez um texto, com direito à chamada de primeira página, para dizer que também foi crítica em relação aos presidentes que antecederam Lula no período pós-ditadura (ué, não era ditabranda?) militar.

A Folha se esforça para dizer que fez reportagens contrárias a Fernando Henrique Cardoso, citando o grampo no BNDES na época das privatizações e o dossiê Cayman, e que o tucano deixou o governo se considerando perseguido pelo jornal.

Mas como a Folha tem o rabo preso, ela acaba se entregando mesmo quando faz a sua defesa. O texto publicado ontem conta que o jornal teve acesso, após a reeleição de FHC, ao material posteriormente conhecido como “dossiê Caribe”, e que não o divulgou imediatamente porque ainda apurava a sua autenticidade.

Aliás, só o fez quando o próprio Planalto vazou alguns trechos. A prudência, que seria louvável jornalisticamente, não se viu com Lula e, muito menos, com Dilma nessa campanha eleitoral. A Folha divulgou, por exemplo, a ficha falsa de Dilma, com manchete na primeira página, mesmo sabendo que ela provinha de um site de ultradireita e que não havia nenhuma confirmação de sua veracidade. O cuidado de apuração com o dossiê que envolvia FHC não se viu agora.

Cautela semelhante por parte da Folha nessa eleição só se viu com a apuração que diz estar fazendo da denúncia da Carta Capital de que uma empresa da filha de Serra quebrou o sigilo bancários de 60 milhões de brasileiros ao deixar os dados expostos na internet. Cobrada por seus leitores sobre o desprezo ao fato, respondeu que os dados estão sendo verificados. Faz tempo…

Mas a Folha não colocou nenhuma dúvida e nem gastou tempo na apuração da veracidade quando um escroque, condenado por receptação de carga roubada e com passagem pela cadeia, denunciou tráfico de influência na Casa Civil.

A Folha não engana ninguém. O rigor jornalístico que apregoa funciona de acordo com os seus interesses. Não tem editorial ou texto que limpe a sua ficha pregressa. Que começou fornecendo seus carros de distribuição para os agentes da repressão da ditadura militar, passou pela atitude desrespeitosa e preconceituosa do filho do dono ao então candidato Lula à presidência, em 2002, e foi coroada agora com a prática de um dos jornalismos mais sórdidos de que se tem notícia em uma campanha eleitoral.

(*) O avô em questão é Leonel Brizola (nota do blogueiro)

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