terça-feira, 21 de setembro de 2010

Refrescando a Memória dos Tucanos

Brasília Confidencial No 341

A presidenciável Dilma Rousseff recorreu ontem a um dos mais recentes escândalos que eclodiram dentro  do PSDB para desqualificar os novos ataques do candidato de oposição ao Governo Lula, José Serra.  Desde sábado, Serra vem usando as denúncias sobre supostos tráfico de influência e pagamentos de propina a funcionários da Casa Civil, que Dilma chefiou, para afirmar que ela “ou não é capaz ou é cúmplice”.
 
A candidata reagiu ontem. “Nem uma coisa, nem outra. Sabe por quê? Não acredito que alguém saiba tudo  o que está acontecendo na sua própria família. E também não acredito que alguém saiba tudo o que  acontece no governo. Até porque eu tenho lido que o presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), que ele (Serra) nomeou, sumiu com R$ 4 milhões da campanha dele”.
 
A referência de Dilma é alusiva ao caso do engenheiro Paulo Vieira de Souza revelado no início de agosto  pela revista IstoÉ. Baseada em “oito dos principais líderes e parlamentares do PSDB”, a revista conta que Paulo Vieira de Souza, “também conhecido como Paulo Preto ou Negão, teria arrecadado pelo menos R$ 4 milhões para as campanhas eleitorais de 2010, mas os recursos não chegaram ao caixa do comitê do  presidenciável José Serra”.

A uma fonte citada como “ex-secretário do governo paulista que ocupa lugar estratégico na campanha de  José Serra à Presidência”, a revista atribuiu ainda a seguinte declaração. “Não podemos calcular exatamente quanto o Paulo Preto conseguiu arrecadar. Sabemos que foi no mínimo R$ 4 milhões, obtidos principalmente com grandes empreiteiras, e que esse dinheiro está fazendo falta nas campanhas regionais”.
 
Os R$ 4 milhões seriam referentes apenas ao valor arrecadado antes do lançamento oficial das candidaturas, que impede que a dinheirama seja declarada, tanto pelo partido como pelos doadores. “Essa arrecadação  foi puramente pessoal. Mas só faz isso quem tem poder de interferir em alguma coisa. Poder, infelizmente,  ele tinha. Às vezes, os governantes delegam poder para as pessoas erradas”, disse à ISTOÉ Evandro  Losacco, membro da Executiva do PSDB e tesoureiro-adjunto do partido.
 
Até abril, Paulo Preto ocupou posição estratégica no Governo Serra. Escolhido e nomeado pelo então governador, foi diretor de engenharia da Dersa, a estatal paulista responsável por algumas das principais obras viárias, inclusive o Rodoanel, orçado em mais de R$ 5 bilhões, e a ampliação da marginal Tietê, orçada em R$ 1,5 bilhão.
 
“No caso do Rodoanel, segundo um dirigente do PSDB de São Paulo, cabia a Paulo Preto fazer o  pagamento às empreiteiras, bem como coordenar as medições das obras, o que, por força de contrato,  determina quanto a ser pago às construtoras e quando.
 
No Diretório Estadual do partido, nove entre dez tucanos apontam a construção do eixo sul do Rodoanel como a principal fonte de receita de Paulo Preto”, publicou a revista.
 
Outras fontes tucanas disseram que o elo principal de Paulo Preto com o PSDB é ou era Aloysio Nunes  Ferreira, ex-secretário da Casa Civil de Serra e candidato do partido ao Senado. Paulo e Aloysio são  amigos há mais de 20 anos.
 
“O nome do engenheiro”, lembrou a revista, “está registrado em uma série de documentos apreendidos pela  Polícia Federal durante a chamada Operação Castelo de Areia, que investigou a construtora Camargo  Corrêa entre 2008 e 2009. No inquérito estão planilhas que listam valores que teriam sido pagos pela  construtora ao engenheiro. Seriam pelo menos quatro pagamentos de R$ 416,5 mil entre dezembro de 2007 e março do ano seguinte. Apesar de o relatório de inteligência da PF citar o nome do engenheiro inúmeras  vezes, Paulo Preto não foi indiciado e, em janeiro, o inquérito da Operação Castelo de Areia foi suspenso  por causa de uma liminar concedida pelo Superior Tribunal de Justiça.”


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