Da UNDIME
Mais de 90% das crianças e adolescentes estão matriculados na educação básica; mais da metade dos jovens concluem o ensino médio
O atendimento escolar à população
brasileira alcançou, na última década, uma situação confortável. Com
cerca de 91,5% das crianças e adolescentes matriculados na educação
básica (97% só no ensino fundamental) e mais de 50% dos jovens de 19
anos tendo concluído o ensino médio, podemos dizer: somos, cada vez
mais, um país de “educados”. Principalmente se compararmos com os
índices do início da década. Em 2000, esses percentuais não
ultrapassavam 85% e 25%, respectivamente.
Segundo o Censo da Educação de 2010,
mais de 51 milhões de pessoas estão, atualmente, cursando a educação
básica, etapa que compreende a educação infantil, o ensino fundamental e
o ensino médio. Outros 5 milhões de jovens e adultos estão nas
instituições de ensino superior. A ampliação das leis que garantem
acesso à educação e a criação de programas de concessão de bolsas de
estudos estão entre as ações recentes que têm ajudado a impulsionar o
aumento da escolaridade da população.
Uma das principais consequências desse
avanço é que, entre 1999 e 2009, a média de anos de estudo dos
brasileiros subiu de 5,7 para 7,2 anos – uma evolução significativa para
um país que ainda contabiliza 9% de analfabetos, afirmam especialistas.
A quantidade de alunos matriculados no ensino superior também é um
termômetro dessa evolução: entre 2006 e 2010, o aumento foi de quase 1
milhão.
Escolaridade
Recentemente, uma pesquisa do movimento
Todos Pela Educação, realizada com base na Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad) de 2009, deu mais uma prova desse avanço. Segundo o
estudo, mais da metade dos jovens de 14 anos já ultrapassou a
escolaridade das suas mães. Dez anos antes, cumprir essa tarefa era
ainda mais fácil, devido à baixa escolaridade das mães: 61% desses
alunos já tinham mais anos de estudos que elas.
“Isso mostra que, com o passar dos anos,
a escolaridade das mães está aumentando, graças ao aumento das
oportunidade de estudo”, aponta o conselheiro do Todos Pela Educação,
Mozart Neves Ramos.
No Espírito Santo, a situação é ainda
melhor. Por aqui, apenas 43% dos jovens nessa idade já têm mais anos de
estudos que as mães. Considerando apenas a rede particular, esse
percentual é de 5% – ou seja, apenas 5% delas estudaram menos do que os
seus filhos, de 14 anos.
Desenvolvimento
A doutora em Políticas Educacionais
Gilda Cardoso de Araújo explica que a melhoria do acesso foi provocada,
principalmente, pelo desenvolvimento econômico. “As oportunidades
educacionais aumentam à medida que se faz necessária uma mão de obra
mais qualificada. A própria sociedade começa a exigir melhorias.”
Até o final da década de 1980, ela
explica, matricular os filhos no ensino fundamental não era uma
obrigação. E também não era dever do Estado oferecer vaga para todos. A
mudança só foi possível com a Constituição de 1988, que estabelecia as
responsabilidades de cada parte.
No ano passado, mais um avanço: o ensino
fundamental passou a ter nove anos, com a entrada das crianças na
escola aos 6 anos de idade. Mas, lembra a especialista, ainda estamos
distantes da realidade de outros países. “Enquanto que no Brasil a
frequência escolar obrigatória é de nove anos, em outros países chega a
16 anos. Isso sem falar na jornada escolar, que por aqui não passa de
cinco horas diárias”, critica.
“Calos”
Os principais “calos” continuam sendo o
atendimento na pré-escola e o abandono no ensino médio. Na Grande
Vitória, só 28% das crianças de 0 a 3 anos têm vagas nas creches
municipais.
Com relação ao ensino médio, a principal
dificuldade é manter os alunos matriculados até o fim do 3º ano. A taxa
de abandono é de 10% em todo o país, lembra a coordenadora da área de
Educação Complementar do Instituto Ayrton Senna, Simone André. “De dez
alunos que estão no ensino fundamental, só três chegam ao ensino médio. O
que aconteceu com esses outros sete? É isso que precisamos investigar”,
diz.
Para resolver parte do problema da
entrada, o Plano Nacional da Educação (PNE) – em votação no Congresso
Nacional – prevê atendimento para 100% das crianças de 4 a 5 anos, até
2016, e 50% das crianças até 3 anos, em 2020.
No ensino médio, a principal solução
apontada por especialistas é tornar essa etapa mais atrativa. “Se o
jovem que muitas vezes alia estudo e trabalho não vê sentindo no que
aprende, ele abandona. É preciso dar opções de ensino”, indica Simone.
Autor: A Gazeta ES
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