São Paulo – O secretário da Fazenda do estado de São Paulo, Andrea
Calabi, foi hoje (6) à Assembleia Legislativa paulista (Alesp) para
apresentar os dados relativos ao cumprimento das metas fiscais do estado
no terceiro quadrimestre de 2011 em comparação com igual período de
2010. Mesmo com o aumento da receita em aproximadamente 5%, chegando aos
R$ 142,3 bilhões, os investimentos do governo no período diminuíram
25,5%, representando queda de R$ 3,2 bilhões.
Depois de afirmar que "é normal no primeiro ano de governo haver um
investimento menor", Calabi justificou a análise principalmente pela
crise internacional, que deixou todas as esferas de poder em alerta, e
pela natural transição de mandatos. “As secretarias revisam os programas
de investimentos, os governadores reformulam seu plano plurianual,
portanto, é um momento, muitas vezes, de complementação de projetos em
curso e preparação dos novos”, disse.
O membro da Comissão de Finanças e Orçamento da Alesp deputado Simão
Pedro (PT) criticou o déficit de R$ 1,1 bilhão apresentado pelo
secretário. “Os dados apresentados mostram, em resumo, um excesso de
arrecadação em 2011 – quase R$ 3 bilhões a mais que o orçado – e uma
baixa execução, várias secretarias como o transporte metropolitano com o
ritmo bem baixo de execução, além de uma queda nos investimentos”,
observou o parlamentar.
Calabi apontou dados que destacam a qualidade do investimento
proporcionado pelo governo paulista, principalmente na educação, saúde e
transporte, mas reconheceu as dificuldades presentes no estado. “O
conjunto de supridores, de equipamentos, de sistemas e de contruções não
consegue dar saltos do tamanho que o Brasil conseguiu alcançar. Então,
são desafios que precisamos encarar de forma realista”, disse.
Consequência dessa economia realizada pelo governo de São Paulo foi o
aumento no superávit primário – contas do governo excluindo os juros.
Dos R$ 5,9 bilhões arrecadados, apenas R$ 4 bilhões foram gastos,
representando uma conta positiva para o governo de quase R$ 2 bilhões. A
medida também foi criticada pelos deputados da oposição.
Guerra fiscal
O secretário da Fazenda criticou a guerra fiscal deflagrada entre os
estados. Para ele, essa é uma das razões que dificultam uma reforma
tributária no estado. “Diferente de outros que têm arrecadação
proveniente de outros meios, a exemplo dos royalties de petróleo no Rio
de Janeiro, São Paulo depende muito do seu ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Ela esbarra na questão da guerra fiscal devido a incentivos inconstitucionais dados por outros estados”, disse Calabi.
Orçamento regionalizado
Outro tema que persistiu no debate entre o secretário e os demais
parlamentares foi a regionalização do Orçamento. Após dizer que o estado
é responsável por um terço do Produto Interno Bruto nacional, Calabi
complementou apontando que a região metropolitana de São Paulo
representa 50% do PIB nacional, e que é necessária uma divisão que
privilegie regiões mais carentes. Entretanto, disse ser contra a
regionalização. “Sempre defendi a não regionalização específica de
valores e metas, por constranger a execução”, afirmou.
O presidente da Comissão, deputado Luiz Cláudio Marcolino (PT),
discordou do secretário e sugeriu uma divisão que estimule o
desenvolvimento completo. “Os investimentos do estado estão
prioritariamente concentrados na região metropolitana de São Paulo. Com a
regionalização iríamos desenvolver por completo o estado”, disse o
parlamentar.
Calabi ainda apresentou diversas projeções de investimento para os
próximos quatro anos (PPA), pelas quais, de todo o montante, 46% serão
destinados aos metrôs e transportes metropolitanos, 25% em logística e
apenas 8% em diminuição do déficit habitacional, em conjunto com
programas federais, como o Minha Casa, Minha Vida.
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