Caso Grazielly termina como crime sem castigo
Foto: Divulgação
Após depoimento de dez pessoas, inquérito da morte da garota de três anos, atropelada por um jet ski em Bertioga (SP), foi concluído ontem sem indiciamentos; família do poderoso empresário Zé Cardoso, dona da embarcação, sai ilesa
247 – De dez testemunhas ouvidas no caso da
morte da menina Grazielly, de três anos, atropelada por um jet ski na
praia de Bertioga, litoral de São Paulo, em 18 de fevereiro, nenhuma foi
indiciada pelo crime. O inquérito foi concluído nesta segunda-feira
pelo delegado de Bertioga, Maurício Barbosa, e encerrado como um crime
sem castigo, como previu o 247 em matéria publicada no último dia 27
(leia abaixo).
Entre os envolvidos no caso, estão o adolescente de 13 anos que
pilotava a embarcação – apesar de ser responsabilizado pelo acidente, o
menor não pôde ser indiciado. O caso deve ser encaminhado ao Ministério
Público e à Vara da Infância ainda nesta terça-feira. Entre outros
entrevistados estão os pais do adolescente, seus padrinhos – família do
poderoso empresário Zé Cardoso, dona do jet ski e da casa onde ele
estava hospedado, na Riviera de São Lourenço – os pais e um tio de
Grazielly.
Leia abaixo matéria publicada pelo 247 em 27 de fevereiro:
Caso Grazielly caminha para ser crime sem castigo
A empresária Ana Júlia Cardoso, proprietária do jet ski e madrinha do
adolescente suspeito de ter atropelado e matado a menina Grazielly
Almeida Lames, de 3 anos, pediu perdão à mãe da criança. O acidente
aconteceu na Praia de Guaratuba, em Bertioga, no sábado de carnaval
(18).
Em entrevista ao Fantástico, ela afirmou que o menino utilizou o
veículo sem autorização dela e do marido, José Augusto Cardoso, porque o
afilhado é um menino que "só faz o que quer".
Em depoimento à polícia, o jovem disse que foi autorizado pelos
padrinhos a usar a embarcação. Testemunhas disseram que viram o jet ski
sendo entregue ao menino e a um amigo por um adulto, que seria o caseiro
dos Cardoso. Ana Júlia confirmou a versão do funcionário, que nega o
envolvimento no caso.
Após o atropelamento, o adolescente, a mãe e o amigo fugiram do local
sem prestar socorro. A família Cardoso também não fez nada para ajudar a
menina.
Os Cardoso administram a Empreiteira Pajoan, prestadora de serviços
no setor de coleta de lixo que coleciona irregularidades e dezenas de
multas aplicadas pela Cetesb, mas que mesmo assim mantém ativo seu
aterro na cidade. José Augusto Cardoso e a mulher Ana Júlia pretendem
concorrer à prefeitura de Suzano pelo PSDB esse ano.
Mesmo assim, o crime pode ficar sem castigo. O rapaz não pode ser
preso, por ser menor de idade. Responsável pela defesa do adolescente, o
advogado Maurimar Bosco Chiasso já deixou claro como vai tentar livrar
de punição o menor e seus pais – família abastada de Mogi das Cruzes, na
Grande São Paulo. Em coletiva à imprensa, disse que o homicídio
culposo, registrado pela polícia, é na verdade um “fatídico acidente”.
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