domingo, 25 de março de 2012

Dilma: Caminhos da gestão e popularidade

Duas visões antagônicas ou pontuais (cada um analise de sua forma) sobre o governo Dilma que achei interessante. As mesmas estão no link indicado abaixo enquanto matéria principal e um dos vários comentários existentes. Boa discussão....


 Coluna Econômica - 25/03/2012

O grande general Jorge Gerdau animado com os rumos do país. Julga que a gestão Dilma Rousseff, se mantiver esse pique por oito anos, mudará definitivamente a cara do Brasil, completando o trabalho de Lula - a quem reputa de "intuitivo genial".

Há dez anos foi criado o Movimento Brasil Competitivo (MBC). Nasceu do Prêmio de Qualidade do Governo Federal - do qual  Gerdau, outras lideranças do movimento e eu próprio.

A intenção do MBC foi a de, no formato de OSCIP, juntar doações do setor privado e público para projetos de gestão na área pública.

O primeiro estado a aderir foi o Ceará, na área de educação. Depois, Minas Gerais. Antes disso, alguns estados conduziram programas bem sucedidos de qualidade, mobilizando micro, pequenas e grandes empresas e área pública em geral. Foi assim com os Movimentos Gaúcho, Mineiro e Fluminense pela Qualidade.

Há três anos, o MBC realizou sua primeira parceria com a área federal, ajudando o Ministério do Desenvolvimento Social a incorporar modernas ferramentas de gestão.

Nesse período, Gerdau conviveu com a então Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no Conselho de Administração da Petrobras.

Dessa convivência surgiu o convite de Dilma para que Gerdau ajudasse o governo na área de gestão pública.

Houve uma reunião no Palácio do Planalto onde Gerdau expôs as experiências acumuladas com os movimentos estaduais. Dado o peso da União no federalismo brasileiro, abria-se espaço para um trabalho com muito maior impacto.

A missão conferida foi a de prestar assessoria, estabelecer diretrizes estratégicas e planos de ação, propor e avaliar iniciativas da área pública, supervisionar e acompanhar. Criava-se a Câmara de Gestão e Competitividade.

Do lado do governo, foram indicados os Ministros do Planejamento, da Casa Civil, do Desenvolvimento e de Ciência e Tecnologia. Do lado do setor privado, optou-se por quem pudesse agregar experiência e conhecimento, não necessariamente por presidentes de entidades.

O ponto crítico na área de governos - especialmente do federal, pelo tamanho - é a governança. Ou seja, a capacidade de ter visão estratégica, para que a gestão se torne cada vez mais objetiva e eficiente. E a capacidade da máquina de entregar o que lhe é solicitado: os planos de ação dos governantes.

Nos últimos 15 anos, empresas privadas nacionais que se internacionalizaram foram obrigadas a desenvolver aprendizado com o instituto da governança. Isto é, de entregar ao acionista o que foi prometido no plano de ação.

Setor muito mais complexo, a área pública não tem estudiosos do tema de governança.

As ações da Câmara, foram, então, divididas em três áreas distintas. No campo das execuções, melhorias de processos em áreas críticas, como no aeroporto de Guarulhos, Ministérios da Saúde, Justiça, Transportes, Comunicações, Meio Ambiente, Corrreios, Anvisa.

No campo da governança, montagem de sistemas de monitoramento de 11 projetos temáticos, nos temas mais caros à Dilma - como exclusão da miséria.

Contratou-se a McKinsey, com experiências internacionais. E informatizou-se.

Gerdau surpreendeu-se com a maneira como a máquina respondeu ao desafio.


Outra opinião

Daniel Eduardo Miyagi

Por diversas vezes Luis Nassif disse que se Dilma Rousseff quiser entrar na história, teria que fazer mais que Lula,  não apenas continuar. E isso estaria mexer na espinha dorsal da economia. Pode ser, concordo. Mas o maior erro de Dilma a meu ver, é sua maneira fechada. Luis Nassif acertou quando escreveu "O mais fechado governo do Brasil moderno".  Não adianta a presidenta Dilma baixar os juros e interferir no câmbio se a presidenta não dialogar. Caso a presidenta Dilma torne essa ímpeto desenvolvimentista como parece realmente, o seu legado ficará ainda assim abaixo de Lula/FHC, mas principalmente Lula, que sempre deu espaço para o contraditório.

Lula foi estadista porque soube dialogar com o legislativo, sindicatos, movimentos sociais, minorias políticas. Como Nassif tantas vezes disse, ser um bom gerente não significa ser um bom estadista. Senão, Dilma seria melhor então como Ministra da Fazenda.

O movimento LGBT se encontra enormemente decepcionado com o retrocesso que está havendo na atual gestão; o MST e os movimentos sociais não conseguem um canal de diálogo com a presidenta, apesar do esforço do Gilberto Carvalho; não ouvir as lideranças políticas e não negociar (negociar não significa fisiologismo) e impor o seu estilo direto, duro, sem abrir espaço  ou margem para alternativas dá margem para os que dizem que a presidenta é ditada pela imprensa PIG e com isso ganhar pontos na classe média, aumentando sua popularidade. Mesmo que a combinação boa popularidade/boa condução da economia se concretize, Dilma nunca entrará na história e ficará como uma presidenta regular se não fizer mais política e abrir o diálogo, principalmente com a minoria política, já que sua bandeira é a de uma minoria política, que é é a maior inclusão das mulheres na sociedade. Não adianta lutar apenas para as mulheres se os negros, o movimento LGBT é relegado e ignorado.

Mas ao contrário de Garotinho, que comparou a presidenta com Hitler, Dilma não vocação para o totalitarismo, muito menos ao fascismo. Ela foi uma presa política e sabe muito bem o valor da liberdade.
Infelizmente sua postura fechada e dificuldade de conviver com o contraditório fazem a mídia convencional usarem esse forte argumento.

Se a presidenta quiser ser uma verdadeira estadista, não adiante ter como general, o grande empresário Jorge Gerdau e dar uma alavancada na economia. É preciso acima de tudo equacionar a figura da gestora com a política.


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