sábado, 14 de agosto de 2010

Dilma - Pedágio Paulista é Imposto Escamoteado

Brasília Confidencial No 312 - Ayrton Centeno

Diante de centenas de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, líderes partidários e outros apoiadores, a  candidata do PT à Presidência, Dilma Roussef, voltou ontem a criticar as altas tarifas de pedágio que são cobradas nas rodovias de São Paulo e que escondem um “imposto escamoteado”.
 
Tais tarifas, segundo ela, resultam do formato de concessão adotado pelo governo paulista, há 16 anos nas mãos do PSDB.
 
“Ganha a licitação quem paga mais. E quem defende esta outorga, defende um imposto escamoteado”,  observou a petista lembrando que o critério adotado pelo governo federal é bem diferente – ganha quem  oferece a menor tarifa para o motorista.
 
Foi uma alfinetada em José Serra. Recentemente, ao ser indagado sobre as altas tarifas dos pedágios  paulistas em entrevista na TV Globo, o candidato do PSDB, admitiu a possibilidade de, se eleito, implantar  no Brasil um sistema semelhante ao paulista.
 
A presidenciável petista fez a observação no lançamento do Movimento Pluripartidário de Prefeitos e  Prefeitas Pró-Dilma, que lotou o teatro da Associação Médica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.  

Dirigindo-se à platéia, ela notou que “sabe bem” como foram implantados os pedágios no Rio Grande do  Sul, fonte de muitas reclamações pelas tarifas elevadas. “Mas vocês tem que ver as tarifas de São Paulo”, acentuou. E exemplificou: “de São Paulo a Ribeirão Preto, pouco mais de 300 quilômetros, paga-se R$ 43,35. Na ida e volta, mais de R$ 86,00. São 12 (praças de) pedágios”, citou.
 
Dilma reiterou que dois projetos estarão em disputa no dia 3 de outubro. “O nosso não é um projeto para  apenas um terço da população. Não recebemos professores a porretadas. Professores tem que ter salário  digno e formação de qualidade”.
 
A petista também assinalou que seu projeto de governo não vende patrimônio público e afirma a soberania nacional.
 
ALIANÇA AMPLIADA
Na reunião, a presença de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores do PT, PDT, PMDB, PSB, PCdoB, PTB,  PP, PRB e PPL. A comitiva mais numerosa, além do PT, foi a do PDT que, nas eleições para o governo  gaúcho, apoia o peemedebista José Fogaça. Nas eleições regionais, PMDB, PTB e PP também não  integram a coligação do candidato do PT, Tarso Genro, mas parte de suas bases já se aproxima de Dilma.
 
“Nunca depois de Getúlio Vargas tivemos a possibilidade de um projeto de nação”, discursou o presidente regional do PDT, Romildo Bolzan Jr. “Mas agora – prosseguiu – vivemos um processo semelhante e a  população se adonou de uma candidatura e de seu projeto”, completou.

O prefeito Erasmo Silva (PMDB), de Alegrete, disse que o governo Lula “só fez a nação crescer” e  adiantou estar em preparação outro encontro com a grande maioria dos prefeitos do partido para abrir o  voto para Dilma. José Fontana (PP), prefeito de Ronda Alta, elogiou a atenção dada pela administração  federal aos pequenos municípios “como o nosso”. O prefeito José Fortunatti (PDT), da capital, engrossou o  coro: “Este projeto tem que continuar”.
 
Depois dessa cerimônia, Dilma foi à sede do PDT inaugurar um comitê pluripartidário. No partido em que realizou boa parte de sua formação e do qual desligou-se há dez anos, Dilma foi recepcionada por outro  auditório repleto e os versos do Hino da Legalidade: “Avante brasileiros de pé/ Unidos pela  liberdade/Marchemos todos juntos/Com a bandeira que prega a lealdade (...)”.
 
Em seguida, a plateia entoou um slogan adaptado: “Brizola presente/Dilma presidente”, repetiu.

Após várias referências dos oradores aos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart e ao ex-governador Leonel Brizola, todos ícones do trabalhismo, Dilma defendeu o papel do Estado e criticou a oposição que “queria virar a página da história e enterrar (o legado) de Getúlio Vargas”. E sustentou que o Brasil somente conseguiu reagir e enfrentar a crise de 2009 porque “não privatizamos os nossos bancos”. Reparou que o BNDES, “que eles hoje acusam de emprestar dinheiro para empresas brasileiras”, no governo anterior  emprestava para empresas estrangeiras comprarem o patrimônio público do Brasil.


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