domingo, 29 de agosto de 2010

Sindicatos e Sindicatos

Acabo de saber de uma arbitrariedade sem precedentes na história de nosso sindicalismo. Como dirigente sindical que fui por quase 15 anos não posso admitir que uma organização como essa seja vilipendiada e deturpada como no caso ocorrido em Sorocaba. E aproveito para solicitar que todas e todos que acreditam nesse tipo de organização, mobilizem-se para acabar com esse abuso de poder que sinceramente não sei em que lei se baseia.

Em Sorocaba existe há seis anos o Festival Livre de Teatro - FLITS - coordenado pela ATS - Associação de Teatro de Sorocaba. Existe em São Paulo um tal de SBAT que parece ser Sindicato Brasileiro de Atores (ou artistas...) de Teatro. Pois é. O tal SBAT impediu a realização do FLITS porque exige que os participantes tenham comprovação de registro da profissão dos atores e técnicos. Evidente, pois tal comprovação para ser conseguida (pelas informações que recebi)  precisa ter taxas recolhidas ao tal SBAT. Uma taxa básica de um salário mínimo por ano...

Várias coisas são incompreensíveis e inadmissíveis nessa questão: a primeira delas com certeza é o fato de como exigir comprovação de registro da profissão para amadores? Ora, se é um festival de teatro amador, evidente que seus participantes não são profissionais. Difícil de entender isso?

Outra coisa que arrebenta os olhos de quem lê é essa tal necessidade de registrar a profissão e por conta disso recolher taxas ao tal sindicato. Não sei se ainda estou familiarizado com os termos sindicais, mas no meu tempo isso se chamava peleguismo puro. Um sindicato que impede a manifestação cultural pois quem exercita tal manifestação deveria recolher ao tal sindicato algumas taxas, que segundo informações sempre são provisórias. Seria o mesmo caso de na época em que atuei como dirigente sindical nosso sindicato impedisse que um trabalhador fosse admitido em qualquer fábrica se o mesmo não pagasse uma taxa para o sindicato. Simplesmente absurda a situação. Dirão os ferrenhos adversários do sindicato: mas isso existe na tal Contribuição Sindical. É verdade, como é verdade também que sempre fomos contra ela e por muitos anos a devolvemos ao trabalhador.

A terceira e talvez a pior das situações é o fato de que - aparentemente - o Ministério do Trabalho é conivente com isso. Por que aparentemente? Porque todo o procedimento exigido pelo tal sindicato é para que os artistas tenham o registro no Ministério do Trabalho, popularmente chamado por eles como o DRT. Conivência, pois o tal DRT só é expedido pelo ministério após a autorização e anuência do sindicato.

Inadmissível essa conivência no momento vivido pelo Brasil. Impraticável tal atitude.

Um desastre vergonhoso no atual momento que vivemos em nosso país. Impraticável, inaceitável, vergonhoso. São adjetivos brandos para essa atitude.

Sei que meu blog não tem uma penetração muito grande, mas estou aqui não só me solidarizando com os artistas da ATS, com também pedindo a todas e todos que militam no meio sindical e político que tomemos atitudes contra essa arbitrariedade. Não dá mais para vivermos com esse tipo de peleguismo no Brasil do presidente Lula. Não dá para aceitarmos uma conivência tão grande de um ministério que deveria defender os interesses de todos os trabalhadores e não de pelegos como esses.

Querido Hamilton, deputado estadual, querido Arlindo Chinaglia, deputado federal, companheiras e companheiros da CUT: algo precisa ser feito para mudar essa situação. Daqui estou a disposição para qualquer atitude e/ou procedimento necessários para isso. Espero que todos tenham a mesma disposição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário