segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Globo Apaga História de Serra

Do Luis Nassif.

A Fundação Roberto Marinho montou um projeto de recuperação da memória do movimento estudantil, em parceria com a Rede Globo e a Petrobras.

É um projeto bonito, Memória do Movimento Estudantil, que faz uma apologia dos jovens idealistas, adolescentes ou récem-chegados à idade adulta.
Eles lutaram contra a ditadura militar. Participaram da campanha O Petróleo É Nosso e das manifestações pelas Diretas Já. Foram às ruas com suas caras pintadas, pedindo o impeachment do presidente Fernando Collor. A história do Brasil não seria a mesma se não fosse a atuação dos estudantes.
Agora é a vez de reunir informações sobre esses e outros momentos e destacar a importância da participação estudantil no país. Essa é a missão do projeto Memória do Movimento Estudantil, que vai organizar, preservar e divulgar essa história, além de resgatar uma parte importante da trajetória política do Brasil.

Na página dos parceiros a Rede Globo é apresentada como amiga dos jovens agitadores:
A Rede Globo deu amplo espaço ao movimento estudantil em sua programação. Nos telejornais o Brasil pôde acompanhar os protestos durante o governo militar, os congressos da UNE, nos anos 1980, e a volta de manifestações, no início dos anos 1990. A luta estudantil foi retratada também em novelas e minisséries, como Senhora do Destino e Anos Rebeldes.

Na cronologia da UNE, retrata-se o período 1945/1964 com capítulos que mostram a agitação do período.

Como os estudantes apoiando a Campanha da Legalidade do Brizola.
8/1961
A UNE participa da Campanha da Legalidade, liderada por Leonel Brizola, pela posse de João Goulart. A entidade transfere provisoriamente sua sede para o Rio Grande do Sul e organiza uma greve de repúdio à tentativa golpista.

Ou a grande greve de 1962, pela reforma universitária:
6-8/1962
A ação dos estudantes pela reforma universitária leva à decretação de greve geral nacional, paralisando a maior parte das 40 universidades brasileiras da época.
O prédio do MEC, no Rio de Janeiro, é ocupado por três dias pelos universitários.

Ou o atentado contra a sede da UNE:
1962
A sede da UNE é metralhada por membros do Movimento Anticomunista (MAC).

Fala-se de todos os ex-presidentes da UNE, menos de um, um jovem agitador tão temerário e idealista que acabou se tornando um dos alvos prioritários da repressão: o presidente da UNE em 1964, José Serra.

Não sei se o esquecimento foi da Globo, tentando poupá-lo, ou se foi a pedido.

É pena. É uma história bonita, que merecia ser relembrada.

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