Serra é poupado no Jornal Nacional
Publicado em 11/08/2010, 21:08
São Paulo - O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, foi o terceiro entrevistado no Jornal Nacional, da Rede Globo. Antes, passaram pela bancada Dilma Roussef (PT) e Marina Silva (PV).
Ao contrário das concorrentes, Serra não teve perguntas "pesadas" e quando foi perguntado sobre se levaria o modelo de privatização das estradas paulistas para o governo federal, ele contornou a resposta.
O casal de apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes não perguntaram sobre o escândalo do DEM, que atingiu o sonhado vice de Serra, José Roberto Arruda, que foi preso após ser descoberto em um esquema de corrupção generalizada no Distrito Federal, que governava à época. O nome de Eduardo Azeredo, diretamente envolvido no chamado mensalção mineiro, também não apareceu na entrevista.
Quando perguntado sobre seu vice na chapa, Indio da Costa, ele o qualificou como político preparado, mas usou as "circunstâncias" para que ele fosse escolhido.
Ao falar em corrupção, William Bonner se referiu novamente ao escândalo do mensalão do PT e demais partidos, como o PTB, que hoje apoia Serra como candidato. Serra disse que Jefferson e o PTB não foram protagonistas do caso. Depois disse: "O Roberto Jefferson não é candidato, me conhece muito bem, conhece meu jeito de governar. Não tenho compromisso com erro. Quem é o responsavel deve pagar."
Jefferson, logo após a entrevista apareceu no Twiiter, para confirmar o tratamento dedicado a Serra na bancada do JN: "William Bonner e Fatima Bernardes facilitaram para o meu candidato. Foram mais amenos com ele."
O candidato do PSDB entrou no ar antes das duas candidatas, às 20h29. Dilma entrou no ar dez minutos mais tarde e Marina, às 20h37. Daqui a pouco José Serra será entrevista no Jornal das Dez, da GloboNews.
Do Tijolaço
Pena que eu gastei a foto no post anterior. Porque ela ilustraria perfeitamente o tom da entrevista de José Serra a William Bonner, hoje, no Jornal Nacional.
Começou com uma “levantada de bola” para o personagem “Serrinha Paz e Amor” dizer que “a discussão não é o Lula”. Não, não é o Lula: é o governo Lula e a reversão dos rumos que o governo FHC-Serra deu ao país durante oito anos.
Daí em diante foi uma partida de vôlei, num clima de convescote. “O senhor me permita”, dizia Bonner, ao interromper o candidato tucano, ao contrário das interrupções grosseiras que fez com Dilma. E Serra teve todo o espaço para falar da saúde, da saúde, da saúde, sem sequer ter sido confrontado com os números de sua gestão no ministério.
A escalada para questionar – até porque é uma pessoa mais educada que Bonner – foi Fátima Bernardes, que foi infinitamente mais civilizada que o marido na entrevista de Dilma. Ela o desempenhou moderadamente, é verdade, mas não partilhou dos esparramos carinhoso de Bonner para com Serra.
Ao questionar o apoio de Roberto Jefferson, o problema com ele era estar no “mensalão petista”. Os pedágios viraram escada para falar das estradas federais e da CIDE, “esquecendo” que o tal superávit primário vem da gênese tucana do pagamento de juros dos quais nos faltam forças políticas para fugir.
No final, quando Serra estourou o tempo, William Bonner era um outro homem, totalmente diferente do truculento de segunda-feira. O diálogo, que reproduzo acima (ver link), retrata o clima de compadrio com que transcorreu a entrevista:
Bonner: – “Me perdoe, me perdoe”…
Serra: “Eu compreendo”…
Nós também compreendemos, faz tempo.
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