Será que o vale tudo paulista desta vez será desmascarado??? Décadas e décadas de abuso???
Da Rede Brasil Atual
Da Rede Brasil Atual
Paulo Alexandre Barbosa foi o segundo deputado estadual mais
votado e deverá concorrer à prefeitura de Santos pelo PSDB em 2012
Paulo Alexandre Barbosa (à frente) em evento com presença de
Alckmin, Kassab e do ex-governador Alberto Goldman (Foto: Divulgação)
São Paulo – O deputado estadual licenciado e atual secretário de
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo,
Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), continua apresentando emendas
parlamentares mesmo não exercendo mais a função legislativa. Segundo o
advogado eleitoral Luciano Santos, a contradição não poderia existir.
"Se ele está no cargo de secretário não pode exercer funções no
Legislativo. Emenda parlamentar é uma atribuição exclusiva da atividade
parlamentar", assegurou Santos. Sobre uma eventual punição ao
parlamentar por acúmulo de funções, o advogado sugere uma consulta ao
Regimento Interno da Assembleia Legislativa.
Fruto de um acordo político entre o Executivo e o Legislativo em
2006, as indicações de dotações orçamentárias não constam do Regimento
da Assembleia Legislativa. Sem normas formais, nada assegura que
prerrogativas de deputados em exercício de mandato possam ser estendidas
a parlamentares licenciados. Não há clareza, porém, sobre eventuais
punições para a prática.
Por sua assessoria, Barbosa confirmou que continua tratando das
questões parlamentares e que pretende continuar realizando indicações
para emendas. "O fato de ele ser secretário não impede de ter emenda
parlamentar. O que as pessoas muitas vezes não entendem é que ele sendo
deputado estadual licenciado, pode continuar fazendo essas indicações de
emendas parlamentares", informou seu secretário.
Empossado como secretário no governo Alckmin, 17 dias após assumir a
legislatura iniciada em 2011, o então deputado conseguiu empenhar R$ 700
mil para o ano, todas emendas destinadas ao município de Santos, no
litoral paulista, onde é pré-candidato a prefeito pelo PSDB em 2012.
Desse total, R$ 500 mil para serem investidos na Santa Casa da cidade e o
restante a ser dividido entre outras associações. Toda a verba foi
repassada neste mês.
A partir do ano que vem, todas as indicações de emendas parlamentares
deverão constar previamente do Orçamento, votado geralmente no final do
ano anterior. Mesmo com as modificações aprovadas pelos deputados da
Alesp, a assessoria de Barbosa afirmou que o secretário deverá propor
emendas para 2012. Emenda parlamentar nada mais é que uma indicação,
então não tem essa formalidade toda."
Quarto lugar
Vale lembrar que na contestada relação de emendas divulgada pela
Secretaria da Fazenda no início do mês, o nome de Barbosa aparece como o
quarto deputado que mais conseguiu empenhar recursos em 2010, somando
R$ 4,5 milhões liberados, repartidos em 80 indicações diferentes. Ele
foi o segundo deputado estadual mais votado nas eleições do ano, atrás
apenas do também licenciado e atual secretario de Meio Ambiente, Bruno
Covas (PSDB).
O acordo entre os poderes paulistas previa um limite de R$ 2 milhões
em emendas orçamentárias para cada parlamentar, indicando que Barbosa
extrapolara sua quota em mais de 100%. No entanto, segundo o deputado
Roque Barbiere (PTB), esse compromisso não era respeitado. "Quem apoia o
governo não tem R$ 2 milhões, tem R$ 4 milhões. Era aquela listinha que
a gente levava lá: 'Essa aqui é emenda, essa aqui é indicação', mudava
só o nome", contou.
Emendas à venda
O caso de venda de emendas orçamentárias veio a público a partir de
declarações do deputado estadual Roque Barbiere (PTB), em entrevista a
um site. Foi dele a afirmação de que os parlamentares vendem a cota de
emendas a que têm direito todos os anos em troca de parte dos recursos
liberados.
O atual secretário do Meio Ambiente do Estado e deputado licenciado,
Bruno Covas (PSDB), em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, chegou a
confirmar ter visto indícios da ilegalidade, e citou um caso no qual um
prefeito lhe teria oferecido 10% do valor de uma emenda de R$ 50 mil
empenhada pelo então deputado como forma de "agradecimento". Depois,
Bruno Covas disse ter sido mal interpretado.
Os parlamentares do PT contabilizam 30 assinaturas a um pedido de
instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia
Legislativa para investigar as denúncias. São necessárias mais duas. A
Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social – órgão do
Ministério Público de São Paulo – também trabalha no caso.
Para esfriar a discussão, a base do governador Geraldo Alckmin (PSDB)
tentou manter a questão em pauta no Conselho de Ética da Assembleia.
Sem ter a prerrogativa de convocar os envolvidos, mas de apenas
convidá-los, o Conselho pouco contribuiu para investigações. De todos os
convidados, somente o deputado Major Olímpio (PDT) prestou
esclarecimento, no qual citou o nome de Tereza Barbosa. Com o fim do
trabalho do conselho, a oposição aposta suas fichas na criação da CPI.
Em 4 de outubro, o governo publicou uma lista contendo todas as
emendas empenhadas de todos os parlamentares que se utilizaram dos
recursos desde 2006. A suspeita de que os dados não estavam corretos foi
despertada a partir de casos como o de Bruno Covas. Enquanto ele
divulga em seu site ter conseguido liberar R$ 9,4 milhões em 2010, na
relação oficial da Secretaria da Fazenda consta terem sido empenhados no
ano passado apenas R$ 2,2 milhões.
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