Da Rede Brasil Atual
São Paulo – Os moradores desalojados nesta quinta-feira (10) de uma
ocupação no centro de São Paulo afirmam que a administração do prefeito
Gilberto Kassab (PSD) não cumpriu com a determinação judicial de
inscrevê-los em um programa de habitação. O mandado de reintegração de
posse no antigo edifício Cineasta, situado na esquina da avenida São
João com a avenida Ipiranga, foi executado pela Polícia Militar sem
resistência dos moradores, que integram movimentos sociais como
a Central de Movimentos Populares (CMP) e a Frente de Luta por Moradia
(FLP).
Segundo o advogado do Movimento Sem Teto e da CMP, Raimundo Bonfim, a
policia militar já havia tentado cumprir a reintegração de posse na
noite desta terça-feira (8), dois dias após o início da ocupação. “Eles
entregaram uma intimação e tentaram desocupar. Além de não ter um
representante da prefeitura, novamente não há uma preocupação em
encaminhar as pessoas para um programa de habitação.”
O prédio, que pertence à Companhia Metropolitana de Habitação de São
Paulo (Cohab), foi emparedado por já ter um destino certo. Está em
processo de licitação para ser o 'Lar dos Artistas'. Segundo a diretora
administrativa da Cohab, Elcita Ravelli, 56 pessoas foram catalogadas
para um programa de habitação, mas Bonfim aponta que havia 350 ocupantes
no imóvel. Eles não aceitaram a sugestão da Secretaria de Assistência
Social de ir para um albergue.
O destino para quem foi despejado e não tinha para onde ir é a outra
ocupação existente, que fica na rua Martins Fontes, também no centro.
Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, membro do Movimento de Moradia no Centro
(MMC) e da CMP, pontuou que não sabe se irá à reunião com os
representantes da prefeitura na qual se montará um plano de habitação
para as famílias que desocuparam o prédio por não acreditar que a
prefeitura de fato tomará alguma atitude. "O que esperar da prefeitura?
Me falaram que amanhã tem uma reunião, mas não sei se vou comparecer
para ouvir eles dizerem que não fizeram porque não tinham dinheiro ou
porque não puderam. Eu prefiro que o prefeito fale que não fez porque
não queria fazer e que não liga pra esse povo."
Atualmente existem dez prédios no centro de São Paulo ocupados pela
CMP e pela FLP. Entre eles, dois que ficam na mesma rua da desocupação
desta quinta-feira.
Agressão
Durante a desocupação, deputados estaduais tentaram negociar com
policiais militares para evitar excessos. Apesar disso, oficiais não se
contiveram e chegaram a empurrar um dos parlamentares, o deputado Luiz
Cláudio Marcolino (PT), além de Gegê, enquanto ele discursava no carro
de som.
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