Do Tijolaço
A fonte não poderia ser mais insuspeita: é O Globo quem
diz que foi a Petrobras, que opera o campo de Roncador, vizinho ao de
Frade, que encontrou óleo no mar, avisou a Chevron e ainda emprestou os
dois robôs submarinos necessários para identificar a origem e começar a
combater o vazamento de petróleo.
Emprestou porque o equipamento da Chevron, diz o jornal, “tinha
capacidade limitada de operação e não conseguia fazer uma leitura
precisa das coordenadas do local de onde vinha o petróleo”. E os robôs
submarinos da Petrobras tinham e conseguiam.
A Chevron não é uma empresa inexperiente e sem equipamentos ou
tecnologia. So que não se acanha de trabalhar aqui com equipamento
limitado ou obsoleto, porque se sabe poderosa. Ao ponto de passar uma
semana distribuindo press-releases e fotos mentirosas do vazamento e não
ser questionada pela imprensa, como ocorreu.
Agora, os jornais falam em falta de transparência e os ambientalistas
protestam. Muito bem, é o correto. Como foi incorreto seu silêncio.
Que episódio tristemente exemplar do comportamento colonizado de
nossa elite “pensante”. Aceitou passivamente o “la garantía soy yo” da
petroleira americana. Não foi atrás de um dado, de informações, de
elementos. Era a Chevron, uma das “sete irmãs” do petróleo quem dizia,
para quê?
Quis o destino que devamos também a um americano – um simples geógrafo, John Amos, do site Skytruth -
a chance que tivemos de furar este bloqueio de servilismo. Foi ele, com
a interpretação de fotos – públicas, por sinal – de satélites,
conseguiu demarcar o tamanho imenso da mancha de óleo. E a blogosfera –
aliás, aos “blogueiros sujos” como nos chamam os “limpinhos” da grande
mídia – difundiu a verdade com que não contavam.
Na cabeça servil dos colonizados não entra o entendimento de que,
para o Brasil, a Petrobras não é apenas uma empresa para furar poços e
tirar petróleo como as demais. Não conseguem entender que é ela, e mais
ninguém, quem tem a tecnologia, os equipamentos e o conhecimento para
que essa perigossíssima atividade – e mais ainda no mar – possa ser
feita em segurança e tenha uma fiscalização correta.
O resto, sobretudo a ANP, não tem tamanho, capacidade e, sobretudo,
tamanho e conhecimento para se relacionar, de forma altiva e corajosa,
com essas gigantes que estão por aqui. E que não podem ficar, se os seus
métodos de trabalho forem os que estão sendo revelados na Chevron.
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