Da UNDIME
Os adiamentos constantes na leitura
do relatório substitutivo ao PL 8035/2010 desrespeitam a participação da
sociedade civil e inviabilizam a construção dos planos de educação dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
A Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, rede composta por mais de 200 organizações distribuídas por
todo o país, lamenta mais um adiamento na leitura do relatório
substitutivo do Deputado Angelo Vanhoni (PT/PR) ao Projeto de Lei
8035/2010, que trata do segundo Plano Nacional de Educação
pós-redemocratização do Brasil.
Desde o início de novembro, ontem
(23/11) foi a quarta vez seguida em que foi protelada a apresentação do
texto. O Plano Nacional de Educação é um instrumento determinado pelo
Art. 214 da Carta Magna. Após a Emenda à Constituição 59/2009, a missão
do PNE passou a ser “articular o Sistema Nacional de Educação em regime
de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de
implementação para assegurar a manutenção e o desenvolvimento do ensino
em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações
integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que
conduzam a:
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade do ensino;
IV – formação para o trabalho;
V – promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto.” (Art. 214, Constituição Federal de 1998)
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade do ensino;
IV – formação para o trabalho;
V – promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto.” (Art. 214, Constituição Federal de 1998)
A envergadura da missão constitucional
do PNE torna inadmissível que a tramitação do projeto se encontre
praticamente paralisada ou distante do debate público.
O trabalho das organizações, redes e
movimentos educacionais resultou na apresentação recorde de 2915 emendas
ao tímido projeto de PNE elaborado pelo Executivo Federal. Apenas as
101 sugestões originais apresentadas e defendidas pela rede da Campanha
Nacional pelo Direito à Educação resultaram em mais de 31% de todas as
emendas apresentadas ao PL 8035/2010. Todo o esforço de incidência
política da sociedade civil na elaboração do PNE – que se desdobrou em
centenas de audiências públicas, seminários e congressos que ocorreram
em todos os cantos do país – está sendo ignorado e desrespeitado com os
constantes atrasos na leitura do relatório.
Do mesmo modo que a mobilização social é
desconsiderada, Estados e Municípios anseiam pela aprovação do PNE no
Congresso Nacional para construírem seus respectivos planos municipais e
estaduais. Ou seja, além de um problema de respeito ao princípio
constitucional da participação democrática, o congelamento da tramitação
do Plano Nacional de Educação tem obstruído gravemente o planejamento
dos rumos educacionais dos outros entes federados.
A justificativa para a demora na
apresentação do substitutivo ao PL 8035/2010, produzido pelo relator
Angelo Vanhoni (PT-PR), é a pressão exercida pela área econômica do
Governo Federal, que é contrária a qualquer centavo de investimento
acima de 7% do PIB em educação. Ao invés de compreender o PNE como um
plano de Estado, amparado por uma demanda constitucional, o Governo
Dilma prefere entendê-lo como uma ação de governo. Divulgada em agosto
de 2011, uma Nota Técnica da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
mostra que com 7% do PIB de investimento em educação, o Brasil não
conseguirá oferecer educação de qualidade aos seus cidadãos e cidadãs.
Ou seja, o país permanecerá apenas ampliando o acesso à educação, sem
considerar todos os aspectos envolvidos na consagração plena desse
direito, o que resultará em agravamento das desigualdades
socioeconômicas e civis historicamente verificadas no Brasil.
Desse modo, não basta ser divulgado o
relatório. É preciso que ele seja apresentado com a definição de que em
10 anos o Estado brasileiro chegará a um nível de investimento em
educação equivalente a 10% do PIB, sendo 7% um patamar inaceitável após
tanto debate público. Também é preciso que o relatório do PNE
corresponda às demandas da sociedade civil e reveja os mecanismos de
avaliação da educação básica, determine meios para uma efetiva
valorização dos profissionais da educação e, principalmente, garanta a
implementação imediata do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial), em um
percurso que culmine na efetivação do CAQ (Custo Aluno-Qualidade) em
seis anos.
Portanto, tão urgente quanto a
apresentação do relatório no plenário da Comissão Especial do PNE – que
para ter sua aprovação ainda nesse ano na Câmara dos Deputados precisa
ocorrer, já sob risco, até 29 de novembro de 2011 –, é preciso que o
texto reflita um PNE pra Valer!
Diante da necessidade de apresentação do
relatório substitutivo ao PL 8035/2010, a partir de hoje a Campanha
Nacional pelo Direito à Educação empreenderá diversas ações de pressão
para garantir a leitura do texto, no máximo, até o dia 30 de novembro de
2011. Nesse momento, é preciso que o Poder Legislativo tenha ousadia
para aprovar um PNE pra Valer, um PNE que o Brasil quer e precisa.
Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Comitê Diretivo Nacional
Ação Educativa
ActionAid Brasil
CCLF (Centro de Cultura Luiz Freire)
Cedeca-CE (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará)
CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação)
Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente
Mieib (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
Uncme (União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação)
Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação)
Ação Educativa
ActionAid Brasil
CCLF (Centro de Cultura Luiz Freire)
Cedeca-CE (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará)
CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação)
Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente
Mieib (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
Uncme (União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação)
Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação)
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