sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Massacre no MS

Da Rede Brasil Atual

Relatos dão conta de chacina na manhã desta sexta-feira (18), com o objetivo de matar Nísio Gomes, de 59 anos, cacique da comunidade

Indígenas relatam massacre de Kaiowá Guarani no Mato Grosso do Sul
Barracas do acampamento foram incendiadas em ataque ao acampamento, estabelecido no início do mês (Foto: MPF-MS/Divulgação)

São Paulo - Indígenas da comunidade Kaiowá Guarani do acampamento Tekoha Guaviry, município de Amambaí (MS), 350 quilômetros ao sul de Campo Grande, foram vítimas de um massacre na manhã desta sexta-feira (18). Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Igreja Católica, 42 homens com armas de calibre 12 dispararam contra os indígenas antes das 6h30.

A suspeita é de que a ação tenha sido protagonizada por pistoleiros. Nísio Gomes, de 59 anos, cacique da comunidade, era o principal alvo da ação. A exemplo de crimes anteriores contra a etnia no estado, o corpo do líder foi levado.

Segundo o Cimi, os integrantes da comunidade alertaram o fato, mas mostravam-se em estado de choque. Não há confirmações sobre as mortes, mas mais um ou dois jovens, uma mulher e uma criança estão desaparecidas.

Eles estavam acampados à beira da rodovia estadual MS-386. Amambai fica próximo à cidade de Ponta Porã e à fronteira com o Paraguai. O temor é que os corpos tenham sido levados para o país vizinho, o que dificultaria a localização e a investigação do caso.

A suspeita é que os autores do disparo sejam pistoleiros contratados para executar o crime. Os relatos indicam que os homens usavam máscaras e jaquetas escuras, além de armamento pesado. Barracas foram incendiadas após a ação.

O Ministério Público Federal, a Polícia Federal de Ponta Porã e a Fundação Nacional do Índio (Funai) foram acionados. Indígenas relataram a presença de pessoas armadas na região a mando de fazendeiros. Após um ato de solidariedade entre grupos da região na semana passada, um ônibus de membros de um movimento indígena informaram terem sido abordados e detidos na rodovia por horas de negociação.
Procurado, o Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul confirma o ataque à comunidade, mas prefere cautela e não confirma se houve ou não um massacre. Tampouco há confirmações sobre número de feridos. O órgão solicitou a abertura de inquérito policial para investigar o caso. O antropólogo do Ministério Público Federal está no local desde a manhã desta sexta para buscar informações e, eventualmente, solicitar outras providências.

Por ser uma área desprovida de cobertura de telefonia celular, não há atualizações a respeito.

Segundo o Cimi, Nísio Gomes foi morto com tiros na cabeça, no peito, nos braços e nas pernas. A testemunha que detalhou os acontecimentos ao conselho disse que o filho do cacique chegou a se colocar entre os pistoleiros e o pai, mas foi derrubado com um tiro de borracha no peito. Alguns indígenas ainda permaneceram no acampamento, mas a maior parte dos 60 integrantes teria fugido para o mato.

O acampamento foi estabelecido no início de novembro, dentro das fazendas Chimarrão, Querência Nativa e Ouro Verde – instaladas em Território Indígena de ocupação tradicional dos Kaiowá. Outras ações violentas contra o grupo haviam sido denunciadas pela organização.


Nenhum comentário:

Postar um comentário