Da Rede Brasil Atual
Relatos dão conta de chacina na manhã desta sexta-feira
(18), com o objetivo de matar Nísio Gomes, de 59 anos, cacique da
comunidade
Barracas do acampamento foram incendiadas em ataque ao acampamento, estabelecido no início do mês (Foto:
MPF-MS/Divulgação)
São Paulo - Indígenas da comunidade Kaiowá Guarani do acampamento
Tekoha Guaviry, município de Amambaí (MS), 350 quilômetros ao sul de
Campo Grande, foram vítimas de um massacre na manhã desta sexta-feira
(18). Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi),
ligado à Igreja Católica, 42 homens com armas de calibre 12 dispararam
contra os indígenas antes das 6h30.
A suspeita é de que a ação tenha sido protagonizada por pistoleiros.
Nísio Gomes, de 59 anos, cacique da comunidade, era o principal alvo da
ação. A exemplo de crimes anteriores contra a etnia no estado, o corpo
do líder foi levado.
Segundo o Cimi,
os integrantes da comunidade alertaram o fato, mas mostravam-se em
estado de choque. Não há confirmações sobre as mortes, mas mais um ou
dois jovens, uma mulher e uma criança estão desaparecidas.
Eles estavam acampados à beira da rodovia estadual MS-386. Amambai
fica próximo à cidade de Ponta Porã e à fronteira com o Paraguai. O
temor é que os corpos tenham sido levados para o país vizinho, o que
dificultaria a localização e a investigação do caso.
A suspeita é que os autores do disparo sejam pistoleiros contratados
para executar o crime. Os relatos indicam que os homens usavam máscaras e
jaquetas escuras, além de armamento pesado. Barracas foram incendiadas
após a ação.
O Ministério Público Federal, a Polícia Federal de Ponta Porã e a
Fundação Nacional do Índio (Funai) foram acionados. Indígenas relataram a
presença de pessoas armadas na região a mando de fazendeiros. Após um
ato de solidariedade entre grupos da região na semana passada, um ônibus
de membros de um movimento indígena informaram terem sido abordados e
detidos na rodovia por horas de negociação.
Procurado, o Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul
confirma o ataque à comunidade, mas prefere cautela e não confirma se
houve ou não um massacre. Tampouco há confirmações sobre número de
feridos. O órgão solicitou a abertura de inquérito policial para
investigar o caso. O antropólogo do Ministério Público Federal está no
local desde a manhã desta sexta para buscar informações e,
eventualmente, solicitar outras providências.
Por ser uma área desprovida de cobertura de telefonia celular, não há atualizações a respeito.
Por ser uma área desprovida de cobertura de telefonia celular, não há atualizações a respeito.
Segundo o Cimi, Nísio Gomes foi morto com tiros na cabeça, no peito,
nos braços e nas pernas. A testemunha que detalhou os acontecimentos ao
conselho disse que o filho do cacique chegou a se colocar entre os
pistoleiros e o pai, mas foi derrubado com um tiro de borracha no peito.
Alguns indígenas ainda permaneceram no acampamento, mas a maior parte
dos 60 integrantes teria fugido para o mato.
O acampamento foi estabelecido no início de novembro, dentro das
fazendas Chimarrão, Querência Nativa e Ouro Verde – instaladas em
Território Indígena de ocupação tradicional dos Kaiowá. Outras ações
violentas contra o grupo haviam sido denunciadas pela organização.
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